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'Vagabunda', 'prostituta', 'quer acabar com minha carreira?'

Mulher do ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral, relatou à Polícia em Brasília xingamentos e agressões; em uma segunda versão, Elida Souza Matos disse que 'tudo não passou de uma discussão de casal'

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Por Julia Affonso
Atualização:

Admar Gonzaga. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A mulher do ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral, Elida Souza Matos, relatou à Polícia Civil de Brasília xingamentos e agressões por parte do marido. Em um primeiro depoimento, na sexta-feira, 23, ela contou que foi chamada de 'prostituta', 'vagabunda' e que Admar jogou um enxaguante bucal em seu corpo. Horas depois, ela prestou novo depoimento no qual afirmou que 'tudo não passou de uma discussão de casal'.

Documento

ENXAGUANTE BUCAL

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Na terça-feira, 27, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre o caso.

Admar Gonzaga é um dos ministros indicados pelo presidente Michel Temer (PMDB) para o TSE. O ministro votou contra o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer no histórico julgamento na Corte Eleitoral. Seu principal argumento foi o de que, apesar de haver provas sobre desvios e irregularidades envolvendo recursos irregulares da Petrobrás para partidos políticos, não se pode afirmar "categoricamente" que estes recursos abasteceram a campanha eleitoral.

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O boletim de ocorrência contra Admar foi registrado na 1.ª Delegacia de Polícia por violência doméstica. Elida contou que convive com o ministro há 11 anos com união estável formalizada em cartório desde 2009 e citou uma briga há sete meses na qual acionou a Polícia Militar. Na ocasião, relatou, 'não formalizou o ato'.

"Informa que teve um problema com o autor (Admar) no passado e por conta disso o relacionamento ficou conturbado. Hoje, após um discussão, o autor despejou enxaguante bucal no seu corpo. Ato contínuo, o autor empurrou a vítima, pondo suas mãos no rosto dela", relatou.

No depoimento, foi destacado que o olho direito apresentava lesões (inchaço e roxidão).

Elida prosseguiu. "Como se não bastasse, o autor lhe agrediu moralmente proferindo palavras e frases como: "prostituta", "vagabunda", "você não serve nem pra pano de chão", "escrota", "você não vale o que eu represento" e "quer acabar com minha carreira?". É imperioso ressaltar que a vítima salienta que, além das agressões físicas e verbais, sofre pressão psicológica. Isso porque, como ela é dona de casa e depende do agressor para o seu sustento, o autor a subjuga, valendo-se do seu status de ministro do TSE. Salienta que o autor é bastante agressivo."

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No mesmo dia, Elida voltou à delegacia e pediu o arquivamento da investigação. Ela declarou que a discussão havia ocorrido na madrugada por ciúmes dela e 'que, após os fatos, no calor do momento, a declarante procurou a Polícia Civil para efetuar o presente registro policial'.

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"Após registrar a ocorrência policial e comparecer ao IML, a declarante dormiu em um hotel e, por volta das 10h retornou para a residência do casal, local onde conversou com o seu companheiro e com ele se reconciliou. Que tudo não passou de uma discussão de casal e que a mesma já foi superada; que, de livre e espontânea vontade retornou a esta delegacia para, como acima mencionado, esclarecer os fatos e requerer o sobrestamento do presente feito; que, em relação às medidas protetivas de urgência, anteriormente requeridas, a declarante esclarece que não tem mais interesse no deferimento das mesmas, pois já se encontra reconciliada com seu companheiro."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, O KAKAY, QUE DEFENDE ADMAR GONZAGA

"Para nós, advogados da Elida e do Admar, o que interessa foi o pedido de retratação. Nós sabíamos que esse pedido chegaria no Supremo Tribunal e o ministro teria que enviar ao Ministério Público, então, nossa expectativa é que, embora a retratação evidentemente não sirva para determinar o arquivamento, que ela indique para o Ministério Público uma falta de justa causa e que o Ministério Público decida pelo arquivamento. Não me parece necessário e conveniente fazer comentários sobre depoimentos sendo que houve retratação posterior. Nossa expectativa é que isso influencie o Ministério Público, que tem o poder de denunciar e que ele determine o arquivamento por falta de justa causa."

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