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Vacinação contra a covid-19 é 'ferramenta crítica' para proteção de crianças, diz Secretária do Ministério da Saúde; leia parecer que contraria Bolsonaro

Leia a íntegra de nota técnica juntada aos autos de ação no Supremo Tribunal Federal sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos

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Por Pepita Ortega
Atualização:

FOTO: CARL DE SOUZA/AFP  

Contrariando as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a vacinação de crianças contra a covid-19, a Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 Rosana Leite de Melo atestou a segurança do imunizante para jovens de 5 a 11 anos, classificando a vacinação como uma 'ferramenta crítica para melhor proteger todos', inclusive crianças, das complicações ligadas à doença causada pelo Sars-Cov-2.

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"A elevada cobertura vacinal contribuirá para redução da transmissão do Sars-CoV-2 neste grupo e, por conseguinte, reduzirá a transmissão de crianças e adolescentes para adultos, idosos e imunocomprometidos. Além disso, atenuar as interrupções na educação das crianças mantendo a segurança e bem-estar são benefícios indiscutíveis a ser considerados", diz.

No documento, Rosana afirmou ainda que as crianças têm a mesma probabilidade de serem infectadas pela covid-19 quanto os adultos e podem adoecer gravemente com evolução para hospitalização, além de complicações a longo prazo.

"Doenças neurológicas, uso de imunossupressores e asma foram as comorbidades mais reportadas entre crianças de 5 a 11 anos que adoeceram e morreram por Covid-19 no Brasil. A Covid-19 está classificada como uma das 10 principais causas de morte de crianças de 5 a 11 anos", diz o texto.

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As declarações vão de encontro a alegações do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Marcelo Queiroga, que não veem urgência na vacinação de crianças contra a covid-19. O chefe do Ministério da Saúde chegou a dizer que as mortes pela covid-19 na faixa etária de 5 a 11 anos estão em nível que não demanda 'decisões emergenciais'.

De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, ao menos 1.148 crianças de 0 a 9 anos já morreram de covid no Brasil desde o início da pandemia. O número supera o total de mortes infantis por doenças com vacinas existentes, como mostrou o Estadão.

Outro ponto do parecer assinado por Rosana que contraria as afirmações do Planalto é relacionado a efeitos colaterais da vacina. A Secretária do Ministério da Saúde diz que tanto adultos como crianças podem ter alguns efeitos colaterais em razão dos imunizantes, sendo que eles são esperados diante da resposta imunológica desencadeada pela vacina.

Já com relação a reações graves, Rosana diz: "Os efeitos colaterais graves que podem causar um problema de saúde a longo prazo são extremamente improváveis após qualquer vacinação, incluindo a vacinação Covid-19".

Nas palavras da servidora do Ministério da Saúde, antes de recomendar a vacinação contra a covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e 'nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada'. Além disso, Rosana destacou que o monitoramento dos imunizantes contra a covid-19 é o 'mais abrangente e intenso da história do Brasil'.

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As ponderações constam de nota técnica juntada pela Advocacia-Geral da União aos autos de uma das ações que discutem, junto ao Supremo Tribunal Federal, a inclusão das crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Imunização.

O documento foi enviado à corte quando a AGU pediu ao ministro Ricardo Lewandowski, relator dos processos, que aguardasse até janeiro para decidir sobre o assunto. O ministro agora aguarda parecer do órgão sobre a sinalização de que seria necessária apresentação de prescrição médica para vacinação das crianças. A indicação foi questionada por especialistas e rechaçada por diversos Estados, que já anunciaram que não vão exigir o documento.

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