Alexandre Ruschi*
12 de janeiro de 2021 | 16h15
Alexandre Ruschi. FOTO: DIVULGAÇÃO
Em algumas situações especialmente trágicas e críticas, a humanidade conseguiu unir suas forças, talentos e recursos em favor de um renascimento, de uma superação. Foi assim na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, na criação da Organização das Nações Unidas e na chegada do homem à Lua. E, nas últimas semanas, com o início da vacinação contra a Covid-19, que já ocorre em cerca de 50 países.
No Brasil, tivemos, nesta quinta-feira, 7/1, auspiciosa confirmação de que a Coronavac – vacina produzida pelo Instituto Butantan (SP) em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac – tem, no mínimo, eficácia de 78%. E que, nos testes realizados, garantiu 100% de proteção em casos graves e moderados. Além disso, não houve mortes entre os voluntários que participaram do teste.
Este anúncio ocorreu no mesmo dia em que, infelizmente, o Brasil computou 200 mil mortes pela Covid-19. Um número trágico, já inscrito para sempre na história do País.
Cada pessoa que não resistiu à doença tinha familiares, amigos, colegas e vizinhos. Eram seres humanos como vocês e eu, com sonhos, lembranças, alegrias e tristezas. Muitos deles, certamente, tinham marido, esposa, filhos e netos, e desejavam conviver com eles por muito tempo.
Não consigo aceitar que ironizem a necessidade de máscara, de distanciamento social e das demais medidas preventivas contra o coronavírus.
Vamos deletar qualquer discussão política sobre a vacina. Imunização não é de esquerda, de direita ou de centro. É uma das melhores formas de se evitar doenças graves, desde que o médico e cientista britânico Edward Jenner percebeu que trabalhadores rurais não eram acometidos de varíola, pois já haviam tido varíola bovina.
Nesta sexta-feira, 8/1, o governo paulista solicitou autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial da Coronavac. Desconheço maior emergência do que a pandemia em curso.
Todos devem se vacinar, de acordo com os cronogramas oficiais e a orientação médica. Até porque cientistas de todo o mundo abreviaram em vários anos o desenvolvimento, teste e aprovação de vacinas contra a Covid-19.
Ganhamos este presente para, inicialmente, afastar o risco de ter graves sintomas e até de morrer devido a esta enfermidade. É bem possível que, mais adiante, com a maioria da população mundial vacinada, consigamos, além disso, conter de vez o coronavírus. Por isso, o fundamental agora é que possa estruturar a política nacional de vacinação. Para isso, a ação da sociedade se faz necessária para cobrar uma definição clara e imediata.
Vocês talvez tenham assistido ao vídeo gravado (LINK) no momento em que a equipe do Butantan recebia os resultados da Coronavac. Especialistas experientes e com alta reputação comemoraram efusivamente. E, tenho certeza que assim como eu, todas e todos que viram este vídeo devem ter se emocionado e sentido que o vento da esperança voltou a soprar.
*Alexandre Ruschi, presidente da Central Nacional Unimed
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