'Janot não sairá', disse o procurador da República Hélio Telho ao comentar a arguição de suspeição e impedimento do procurador-geral da República levada nesta terça-feira, 8, ao ministro Edson Fachin pela defesa do presidente Michel Temer.
+ Janot tem 'obsessiva conduta' e 'motivação pessoal', diz defesa de Temer
Na avaliação de Telho, a estratégia do presidente é 'coisa de trôpegos'.
"A arguição é juridicamente fraquíssima", afirma o procurador, que é coordenador do Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás e se destaca ano a ano pela condução de investigações contra o crime organizado.
Na arguição de suspeição de Janot, a defesa de Temer sustenta que o procurador 'extrapolou suas funções'. Segundo o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor e conselheiro do presidente, Janot mantém 'obstinado empenho no encontro de elementos incriminadores do presidente'.
Janot denunciou criminalmente o presidente por corrupção passiva no caso JBS. O procurador sustentou que Temer era o chefe de organização criminosa. A denúncia foi barrada pela Câmara. Janot estuda apresentar uma segunda acusação formal contra o presidente, por obstrução de Justiça.
Mariz afirma na suspeição que o procurador atua 'claramente fora dos padrões adequados e normais, bem como as suas declarações alegóricas e inadequadas mostram o seu comprometimento com a responsabilização penal do presidente'.
No entendimento de Hélio Telho - uma liderança entre os procuradores -, se Janot sair assume o vice-procurador-geral da República. "Mas, nesse caso, ele (Janot) não sairá", crava Telho. "A arguição é juridicamente fraquíssima. Raquítica. Ela é só uma jogada política, para facilitar a defesa de Temer no plenário da Câmara contra uma futura nova denúncia."
"Aliás, pode ser uma jogada muito arriscada de Temer", considera o procurador.
Para Hélio Telho, o ministro Edson Fachin - relator da Lava Jato e do caso JBS no Supremo Tribunal Federal - 'deverá rejeitar a arguição e isso acabará se voltando contra a estratégia da defesa'.
O procurador ironizou a ofensiva de Temer e lembrou do áudio do empresário Joesley Batista, da JBS, que gravou conversa com o presidente na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu. O peemedebista nunca negou ter recebido Joesley fora da agenda oficial, mas alega que o áudio foi adulterado.
"Coisa de trôpegos estrategistas, como diria (o ex-ministro da Justiça) Osmar Serraglio, tal qual os discursos do presidente confirmando o conteúdo dos áudios", diz Hélio Telho.