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Um projeto para o Brasil

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Por Nadia Somekh
Atualização:
Nadia Somekh. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Planejado para ser evento presencial, e transformado integralmente em digital, em razão da pandemia de Covid 19, o 27.º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2021RIO), prestes a terminar, ficará marcado por dois grandes legados.

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O primeiro é a reinvenção e resgate do espaço público, preocupação permanente de nosso ofício. Por sua dimensão, com programação diária de 12 horas, o congresso foi muito mais do que uma curta "live" com público mais restrito. Superamos a ausência do presencial com as oportunidades de criação de novos relacionamentos virtuais. Os 45 mil participantes de 185 diferentes países puderam trocar experiências e aprender muito ainda que fisicamente distantes.

O segundo legado é a oportunidade de expor ao Brasil soluções para o crônico problema da precariedade das moradias da população carente, o que muito contribuiu para a disseminação da pandemia de Covid-19.

O Brasil tem 25 milhões de moradias inadequadas, segundo levantamento da Fundação João Pinheiro. Uma boa parte não tem sequer banheiros.

Será que ninguém pensa nisso? Será que as pessoas estão mesmo fadadas a viver assim em condições tão precárias e perigosas para a saúde de todos? Essas são as perguntas que abrem o "Manifesto do Conselho de Arquitetura e Urbanismo em Defesa da Moradia digna para todos - Um projeto para o CAU e para o Brasil".

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Nós arquitetos e arquitetas acreditamos na mudança deste cenário e temos consciência de que, com a pandemia, nossos compromissos com a sociedade foram redobrados, pois somos, tal qual um médico, cada um dentro de seus conhecimentos técnicos, profissionais de saúde pública.

Nesta perspectiva, o Manifesto ressalta a importância de viabilizar a atuação dos arquitetos nas comunidades carentes. A aproximação tem um caminho definido há 13 anos: a implementação massiva da Lei 11.888/2008, conhecida como Lei ATHIS, que assegura a assistência técnica pública e gratuita para projetos, reformas e mesmo construções de habitações para famílias com até três salários-mínimos de renda mensal.

Um projeto para o Brasil se fez por meio de políticas integradas de serviços de saúde pública, de habitação social e de mobilidade, para superar a desesperadora ampliação da desigualdade provocada pela epidemia. A atenção à mulher e aos seus filhos deve ser prioritária, pois cabem a elas o sustento de 60% das moradias precárias.

A integração exige além da sensibilização da população pelos seus direitos, dos gestores públicos pelos investimentos e da empatia de toda sociedade, quebrar as barreiras das políticas setoriais. Em síntese, exige solidariedade, outro fator primordial para tornar democrático e inclusivo o novo espaço público virtual.

*Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil

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