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Um pen drive, a pista para pegar Vaccarezza

Conteúdo de mídia eletrônica apreendida na residência do almirante Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear condenado na Lava Jato, levou investigadores a resgatar mensagens que apontam influência na Petrobrás do ex-líder dos Governos Lula e Dilma na Câmara, preso nesta sexta-feira, 18, na Operação Abate

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Cândido Vaccarezza. 24/07/2013 - Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em um pen drive encontrado na residência do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear condenado na Lava Jato por corrupção, a Polícia Federal identificou mensagens que apontaram para um esquema de propinas envolvendo o ex-líder dos Governos Lula e Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (ex-PT/SP).

Documento

UM PEN DRIVE

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A investigação revela que o pen drive foi deixado em poder do almirante pelo executivo Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz, ambos apontados como operadores de propinas do PMDB. Os policiais ainda não sabem o motivo de Bruno ter levado a mídia eletrônica para o ex-presidente da Eletronuclear.

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PF pega com Vaccarezza R$ 122 mil em dinheiro vivo

Vaccarezza foi preso nesta sexta-feira, 18, em São Paulo, por ordem do juiz federal Sérgio Moro, na Operação Abate, nova etapa da Lava Jato. O ex-petista está sob suspeita de ter recebido pelo menos US$ 500 mil em propinas.

Em sua residência, na Mooca, zona Leste de São Paulo, a Polícia Federal encontrou R$ 122 mil em dinheiro vivo.

O pen drive apreendido na casa do almirante Othon contém diversos arquivos.

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Um deles é o armazenamento de mensagens de email de Vaccarezza.

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Pela quebra do sigilo telemático dos endereços eletrônicos de Vaccarezza (vaccarezza@gmail.com) foram ainda colhidos 'elementos probatórios' que indicam que o então parlamentar exercia influência em negócios da Petrobrás.

Por exemplo, uma troca de mensagens entre o ex-petista com Fernando Paes de Carvalho, então gerente de Gabinete da Presidência da Petrobrás, 'para introduzir pessoa interessada em negócios com a Petrobrás'.

Em uma outra mensagem, também destinada a Carvalho, o ex-líder de Lula e Dilma indica pessoa para o cargo de gerente-geral para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Os investigadores encontraram mensagem enviada a Vaccarezza por empresários da área do petróleo, solicitando intermediação de encontros com dirigentes da Petrobrás.

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Também diversas mensagens a ele enviadas relativamente à sua interferência em negócios da estatal.

A investigação mostra que o ex-líder de Lula e Dilma agia inclusive para nomeação e manutenção de pessoas para cargos de gerência na Petrobrás.

"Chama a atenção pleito de empregado da Petrobrás ao então parlamentar para que os cargos fossem ocupados com pessoas dispostas a defender o então Governo e o Partido dos Trabalhadores e para que fossem afastadas pessoas a eles não simpatizantes, ou seja, solicitação para a ocupação de cargos por critérios político partidários", destaca o juiz Sérgio Moro.

No exame do pendrive, autorizado por Moro, foram identificadas também mensagens eletrônicas impressas em formato PDF a partir do endereço eletrônico oxfordgt@gmail.com.

"As mensagens, em língua portuguesa, tratam de fatos ocorridos no Brasil, o que indica que o endereço eletrônico era utilizado por pessoas no Brasil", assinala Moro.

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A pedido do Ministério Público Federal, por decisão de 11 de abril de 2017, foi levantado o sigilo do conteúdo armazenado no pen drive. Os peritos constataram que a maior parte teria sido apagada, pois localizadas somente cinco mensagens.

A perícia no pen drive revela que um grupo utilizava oxfordgt@gmail.com para se comunicar mediante mensagens escritas e armazenadas na pasta 'rascunho', sem que fossem enviadas.

Entre os usuários do endereço estava Bruno Luz, identificado pela sigla 'BL'.

Outro conteúdo do pen drive aponta para Vaccarezza e 'outros negócios' supostamente intermediados por Jorge Luz e seu filho Bruno, inclusive um contrato de fornecimento de asfalto.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO MARCELLUS FERREIRA PINTO, QUE DEFENDE CÂNDIDO VACCAREZZA

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"A defesa de Cândido Vaccarezza, por meio do advogado Marcellus Ferreira Pinto, esclarece, em nota, que: Cândido Vaccarezza nunca intermediou qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobrás. A prisão foi decretada com base em delações contraditórias, algumas já retificadas pelos próprios delatores. A busca e apreensão excedeu os limites da decisão judicial, confiscando valores declarados no imposto de renda e objetos pertencentes a terceiros sem vínculo com a investigação. A defesa se manifestará nos autos e espera que a prisão seja revogada e as demais ilegalidades corrigidas!"

COM A PALAVRA, O PT

"Vaccarezza foi militante e parlamentar do PT, saiu do Partido por divergências políticas, um direito de qualquer pessoa. O partido não tem informações sobre esse processo. Esperamos que ele tenha oportunidade de se defender e esclarecer as acusações".

 

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