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Um passo importante para métricas universais de ESG

Por Maurício Colombari
Atualização:
Maurício Colombari. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Medir temas ambientais, sociais e de governança sem recorrer a cifras para apresentar cenários é algo que pode parecer impossível - mas só parece. Recentemente, o Fórum Econômico Mundial divulgou o relatório "Medindo o capitalismo das partes interessadas: em busca de métricas únicas e reporte consistente da criação de valor sustentável", que traz um conjunto de métricas universais para reporte de temas de ESG (Environmental, Social and Governance, ou, em português, Ambiental, Social e Governança) que poderão ser utilizadas por empresas do mundo todo, independentemente do segmento em que atuam.

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Desenvolvido em parceria com o Bank of America e as quatro grandes empresas globais de auditoria, o relatório atende a uma demanda por métricas não financeiras que viabilizem a divulgação de indicadores e foi divulgado em um momento bastante oportuno, pois há fatores emergentes de grande impacto sobre os três mundos do ESG. Alguns exemplos são os efeitos das mudanças climáticas, o surgimento de movimentos sociais que querem uma sociedade mais justa e inclusiva e a busca, por parte das empresas, de um constante aprimoramento dos mecanismos de governança corporativa.

No Brasil, as empresas vêm fazendo progressos importantes nas divulgações relacionadas às metas não financeiras, mas a maior parte dessas iniciativas se concentra em empresas listadas em bolsa, cujos padrões de reporte já contemplam aspectos ambientais, sociais e de governança. Quem ainda não adota esses padrões de divulgação deverá sentir uma pressão maior à medida que eles passarem a ganhar tração nos principais mercados. Para estas empresas, o relatório pode fazer toda a diferença.

Um levantamento de informações públicas divulgadas por empresas que lançaram ações em 2020 indica avanços importantes em certos temas de ESG. Entre estas melhorias, destaque para a apresentação de informações mais completas sobre questões de governança, considerando, por exemplo, programas anticorrupção, e análises detalhadas dos riscos aos quais as empresas estão expostas, incluindo os ambientais e regulatórios. E os avanços tendem a ser cada vez mais significativos. Contudo, notamos uma oportunidade enorme para o aprimoramento da divulgação de informações sobre aspectos ambientais e sociais, como a emissão de gases de efeito estufa, uso da terra e sustentabilidade ecológica, consumo de água, diversidade e inclusão e saúde e segurança do trabalho. É fundamental que essas empresas continuem a jornada de ESG e estudem a viabilidade de passar a divulgar dados tão importantes, pois isso é uma demanda clara e urgente não apenas dos investidores e das partes interessadas, mas do mundo de hoje.

Apesar da divulgação dessas métricas universais ser um avanço inegável, ela é só o passo inicial. Para que as empresas contribuam efetivamente para as reformas necessárias em nossa sociedade, é imperativo que essas questões estejam alinhadas ao propósito e à estratégia das companhias, vislumbrando não só a compilação e divulgação dos dados, mas também o estabelecimento de metas de curto e longo prazos, demonstrando os avanços planejados e eventualmente alcançados.

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*Maurício Colombari é sócio da PwC Brasil

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