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Um novo paradigma na relação entre meio ambiente e economia

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Por Sergio Gusmão Suchodolski
Atualização:
Sergio Gusmão Suchodolski. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O mundo está em processo acelerado de implementação de agendas ligadas aos temas da sustentabilidade. Enquanto governos lançam ou reposicionam políticas públicas em direção ao desenvolvimento sustentável, empresas aderem à pauta ASG, e ambos os setores público e privado avançam em compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa, rumo à COP 26.

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O recém-lançado relatório sobre mudanças climáticas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) evidenciam a importância dessas temáticas, em especial quando os dados reforçam os estudos que já apontavam para o aumento de 1,5 graus na temperatura média do planeta até 2040, uma situação com altos desdobramentos para a vida na Terra. Diante dessa e de outras conclusões enfáticas, decisões e caminhos precisam ser adotados.

A União Europeia já deu o primeiro passo para combater as mudanças climáticas e a descarbonização de sua economia. Dentre as medidas apresentadas para os 27 países do bloco, destacam-se a criação de taxa de carbono em produtos importados e o incentivo a energias renováveis. O plano estabelece ainda limites rígidos para emissões produzidas por automóveis e imposto sobre combustíveis para aviação.

Nos EUA, a gestão Biden-Harris apresentou conjunto de propostas com foco na economia verde e em geração de empregos, tendo o tema da infraestrutura sustentável como um de seus carros-chefes. Quanto aos desafios de financiamento, a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, enfatizou a importância de bancos de desenvolvimento na mobilização de recursos para a transição sustentável.

Nos países em desenvolvimento, temas fundamentais de inclusão e acesso à infraestrutura e serviços sociais são ainda desafios, aos quais se somam as questões cada vez mais urgentes da mudança climática. Agendas mais abrangentes, como a dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, são estratégicas para articular soluções não apenas ambientalmente sustentáveis, como socialmente inclusivas.

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O Brasil não pode perder as oportunidades surgidas nesse cenário global disruptivo, que está redesenhando o modelo de desenvolvimento vigente. Principal país da América Latina e potência ambiental por seus recursos naturais, o Brasil deve assumir a dianteira e conduzir a região a uma economia mais sustentável.

Nesse contexto, o Sistema Nacional de Fomento (SNF) brasileiro, que congrega bancos de desenvolvimento e agências de fomento, tem papel central para construir soluções financeiras que mobilizem os recursos necessários para investimentos alinhados ao desenvolvimento sustentável. Para que se tenha uma ideia, estudos apontam a necessidade de R$ 3,5 trilhões apenas para infraestrutura sustentável, até 2040.

As instituições do SNF, representadas pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), já possuem linhas e produtos para incentivar projetos sustentáveis e inclusivos, agregando recursos de fontes variadas para expandir a capacidade de financiamento a iniciativas alinhadas aos ODS, em áreas como energia renovável, cidades inteligentes, agricultura de baixo carbono e empreendedorismo feminino.

São iniciativas que devem ganhar ainda mais espaço nos próximos semestres. Na agenda de captação internacional, R$ 16,8 bilhões estão em negociação com instituições financeiras multi e bilaterais para ações de desenvolvimento sustentável. Nas agendas de coordenação estratégica, o SNF caminha para consolidar taxonomias e instrumentos financeiros que promovam a mobilização e o redirecionamento de recursos em direção aos ODS.

Ainda há muito a ser feito para consolidar instrumentos de mobilização de recursos financeiros e atrair capital privado e internacional para projetos sustentáveis e inclusivos, que têm se mostrado cada vez mais urgentes. Os bancos de desenvolvimento, agências de fomento e demais membros do SNF têm papel central para articular e coordenar uma agenda nacional para o atingimento dos ODS. Não temos mais tempo a perder.

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*Sergio Gusmão Suchodolski, presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG)

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