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Um novo mundo corporativo

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Por Giancarlo Nicastro
Atualização:
Giancarlo Nicastro. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Há cerca de 5 anos, o cenário dos prédios corporativos de alto padrão não era o dos mais animadores. Havia muito espaço desocupado, o que, em termos do mercado, se resume em alta taxa de vacância. Já em meados de 2016, nas principais regiões comerciais de São Paulo, cerca de 23% de todos os m² disponíveis, estavam vazios.

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Vários fatores contribuíram para essa situação: crise econômica, troca de presidente, insegurança jurídica que afastou os investidores, entre outros. Com isso, a construção civil desacelerou, segurou novos empreendimentos e aguardou o mercado retomar.

Nos anos 2018 e 2019, com a sinalização de uma leve retomada da economia, o mercado começou a se ajustar, principalmente na cidade de São Paulo. Com poucos prédios sendo inaugurados - em 2019 apenas 1 prédio de escritório de alto padrão, com cerca de 8 mil m² foi entregue nas principais regiões comerciais da cidade - os que estavam disponíveis passaram a ser ocupados. Tínhamos o movimento de empresas que antes locavam espaços de empreendimentos classificados com padrões mais modestos, chamados de classe B, se mudando para construções mais robustas, com alta tecnologia, sustentabilidade dentre outros fatores que classificam um imóvel classe A+. O Rio de Janeiro e outras capitais também apresentavam maiores índices de ocupação.

O ano de 2020 começou promissor. A capital paulista, por exemplo, no primeiro trimestre registrou a expressiva taxa de ocupação de 85% dos escritórios das classes A+ e A, nas principais regiões comerciais que hoje oferecem 3.102.089 metros quadrados. Ao fim de março, o custo de ocupação, no qual se calcula o preço do aluguel, condomínio e IPTU, estava em torno de R$ 125,00 o metro quadrado.

Com o fim do primeiro trimestre, e o avanço da pandemia no país, algumas diferenças do cenários dos imóveis corporativos já podem ser notadas. Com a adesão ao home office muitos condomínios registraram redução de custos neste primeiro momento. Deve-se a economia de energia, menos movimentações dos elevadores, uso da água, entre outros, que resultaram em 15% a até 40% em economia no valor do condomínio.

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Esta diminuição, porém, deve ser revertida em aumento no valor do rateio, já que o empreendimentos comerciais vão ter que se adaptar a nova realidade. Em outros países que já estão retomando suas atividades, a ocupação dos imóveis tem mudado. A ideia mais moderna de áreas livres, nas quais todos trabalham juntos, está sendo repensada. Haverá de termos um maior distanciamento entre os funcionários.

Dos prédios de alta tecnologia, a segurança de acesso por meio de reconhecimento de digitais, também terá de ser trocada e o toque dos cartões de acesso também. O home office não acabará com os espaços corporativos, até porque trabalhar em casa para muitos não é conforto algum. No fim da quarentena, muitos profissionais estarão sedentos pelos seus ambientes do trabalho. Mas nada será como antes.

Esta nova realidade poderá aquecer as locações de maiores espaços e os setores moveleiro e decorativo de imóveis comerciais poderão ser beneficiados. A necessidade de espaçamento entre as pessoas também não decretará o fim dos coworking, modalidade de trabalho coletivo. Apesar de ser antagônico ao sistema de distanciamento, ele será remodelado, mas não perderá suas principais características de flexibilidade, com contratos de locação com menos exigência de prazos, acordos, entre outros. O que vai acontecer, de fato, ninguém pode prever. Só uma coisa é certa, estaremos num novo mundo corporativo.

*Giancarlo Nicastro é CEO da SiiLA Brasil

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