Neste ano, porém, mesmo de forma lenta a economia dá sinais de que está saindo do vermelho e de que pode entrar em nova fase venturosa. Especificamente para o comércio, três fatores podem ajudar a dar um estímulo às vendas de final de ano: os juros em baixa, a inflação controlada e o aumento na concessão de crédito.
Posso perceber diariamente com o setor que o otimismo está voltando ao varejo e as expectativas para as vendas de final de ano são positivas. A previsão noticiadas pela imprensa são da criação de 366 mil vagas de emprego temporário em todo país, a maior dos últimos cinco anos no comércio.
As taxas básicas de juros da economia estão no menor patamar da história e devem fechar o ano entre 4,75% e 5%. A inflação controlada também é um ponto favorável para que os consumidores voltem às lojas com mais confiança --o relatório Focus, um levantamento feito pelo Banco Central junto às instituições financeiras, sinaliza para uma alta de preços de 4% ao ano entre 2019 e 2022.
Outro fator que pode impulsionar o comércio é o aumento no crédito. Segundo o Banco Central, a concessão de crédito para pessoas físicas aumentou 14,3% no ano, em relação a 2018.
Esses três fatores positivos, aliados a medidas pontuais como a liberação do saque do FGTS, podem começar a ser sentidos já no Dia das Crianças, em duas semanas, depois na Black Friday, em novembro, e chegar a seu auge no Natal, que deve ser o melhor desde 2014, na avaliação das entidades do setor.
O cenário positivo também pode contribuir para a redução do desemprego, que ainda é um fantasma que assombra as famílias brasileiras.
Pesquisa encomendada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) ao Instituto Quaest, concluída na semana passada, mostra que há um aumento na proporção de consumidores que acreditam que a situação financeira vai melhorar nos próximos seis meses. Mas a proporção dos que pretendem economizar em vez de consumir no período continua elevada.
Isso significa que, embora olhem para fora de casa com otimismo, os consumidores ainda não percebem uma melhora da vida dentro de casa --logo, o otimismo não se traduz em aumento de consumo. O comportamento conservador é explicado por dois fatores: desemprego real na família e medo de um possível desemprego.
Entre os entrevistados, 41% têm alguém na família desempregado. E 77% temem perder o emprego nos próximos seis meses. Por isso a cautela justificável, mas que dificulta a retomada plena da economia.
Para que a situação saia da expectativa para a realidade, é necessário que o governo consiga implementar as reformas estruturantes, como a da previdência e a tributária. Também é urgente que entrem em vigor medidas que simplifiquem a atividade econômica, facilitem a vida do empreendedor e, com isso, a geração de empregos. Caso da lei da liberdade econômica.
Algumas medidas pontuais, como o saque do FGTS, também podem contribuir para uma melhora no poder de compra.
Aqui em Minas Gerais, o governo de Romeu Zema, do Partido Novo, tem feito a sua parte com medidas de recuperação fiscal, de redução de gastos públicos e de simplificação econômica que já começaram a dar resultado --o Estado é o segundo que mais criou empregos no Brasil neste ano.
A recuperação é difícil, pois a crise foi grave e prolongada, mas o caminho é promissor. O comércio é essencial para essa superação e retomada da economia brasileira. Que o Natal deste ano seja um marco dessa redenção, com uma situação econômica melhor e mais esperança nas casas dos brasileiros.
Marcelo de Souza e Silva é empresário, administrador de empresas e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (2019-2021)*