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Um 'maître à penser' no Conselho da República

Por Flavio Goldberg
Atualização:
Flavio Goldberg. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

Os franceses com a malícia da sabedoria popular e a somatória da cultura acadêmica sempre valorizaram a figura do chamado "maître à penser", aquele sábio que por sua experiência de vida e repertório intelectual exerce a função do professor a quem se escolhe para aprender não fatos, mas um método de pensamento.

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Na História política este personagem sempre teve um papel preponderante, tanto positivo quanto negativo na condução dos governantes.

Alguns exemplos dramaticamente nos servem: na Rússia, o Czar foi derrubado pela Revolução Comunista também pelas intrigas palacianas de Rasputim. O ditador Peron influenciado por "El Brujo", Lopes Rega reduziu a Argentina democrática à uma oligarquia política e negocista falimentar.

No Brasil tivemos inúmeros juristas que desempenharam este mister, com Lula, Marcio Thomas Bastos, "God" que serviu aos propósitos do metalúrgico, Jânio Quadros, Oscar Pedroso D'Horta ator na cena da renúncia.

A presidente Dilma Roussef teve sua chance final comprometida quando não entendeu ou não quis entender a mensagem que Michel Temer lhe endereçou na carta modelo clássico do aconselhamento da postura que qualifica o Chefe da Nação. Deu no que deu.

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Agora no pandemônio de uma pandemia que ceifa a vida de dezenas de milhares de brasileiros, a História se repete com o Presidente Bolsonaro oscilando entre ouvir as vozes radicais e a sensatez de chefes militares e do mesmo coincidentemente, professor de Direito Constitucional, Michel Temer.

Assisti Temer em sua palestra na Universidade de Oxford e me veio à mente o peso que teria, já naquela ocasião e agora muito mais a presença deste "maître à penser" num Conselho da República que fosse convocado por Jair Bolsonaro, conforme preceitua o artigo 89 da Constituição Federal, que seria um órgão superior de Consulta do Presidente.

Informalmente tudo indica que em momentos críticos e estes se sucedem, diariamente, Bolsonaro pode se amparar na linha mestra em Direito Constitucional que na retro-referida conferência e em toda sua vida como professor, Temer advoga, a prudência, harmonia e equilíbrio para o desenvolvimento do Estado de Direito.

Finalizo de que ouvir quem deve ser ouvido combina com silêncios que falam mais alto do que os comícios de militância.

E neste aspecto o governador Milton Campos, Minas Gerais, aconselhado a mandar o Exército terminar a greve de operários, por atraso de salários respondeu ao "conselheiro" que o ideal seria mandar o "trem pagador".

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Urge embora não solicitado a ousadia de fazer o papel: convoque presidente Bolsonaro, enquanto é tempo o Conselho da República.

*Flavio Goldberg, advogado e mestre em Direito

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