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Twitter suspende conta 'reserva' de Sara que divulgou dados de criança vítima de estupro

Perfil era utilizado pela extremista desde que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, decretou o bloqueio da conta original no inquérito dos atos antidemocráticos; canal no Youtube e perfil no Instagram também foram suspensos

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Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

O Twitter suspendeu nesta quarta, 19, a segunda conta da extremista Sara Giromini na plataforma. A medida ocorre após o perfil divulgar o nome da criança de dez anos que engravidou após ser vítima de abuso sexual cometido pelo tio, no Espírito Santo.

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A conta secundária da extremista estava sendo utilizada após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ordenar o bloqueio do perfil principal de Sara Giromini nas redes sociais no inquérito que apura ameaças, ofensas e 'fake news' contra a Corte.

Foi por meio desse perfil 'reserva' que a extremista convocou no domingo, 16, manifestantes religiosos para a porta do hospital em Recife onde a criança de dez anos passou por uma cirurgia para abortar a gravidez resultada do estupro. Sara tornou público o nome da criança, informação que é protegida por sigilo garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O perfil da extremista agora conta com uma mensagem indicando que foi suspenso por violar as regras de uso da rede social. Como é praxe, o Twitter não especifica qual conduta levou à suspensão do perfil.

Nesta terça, 18, o Youtube encerrou o canal da extremista - a medida, segundo a plataforma, é adotada quando o perfil 'viola repetidamente' as regras de uso da rede social. O Instagram também suspendeu o perfil de Sara.

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A extremista Sara Giromini, em frente à sede da Polícia Federal. Foto: Gabriela Biló / Estadão

Sara foi alvo nesta quarta de ação civil do Ministério Público do Espírito Santo, que acusa a extremista de adotar postura 'político-sensacionalista' para expôr 'a triste condição da criança de apenas dez anos de idade', contrariando o ECA. A Promotoria destaca ainda que Sara obteve acesso, 'de forma ilegal', a detalhes do caso sob sigilo envolvendo uma criança vítima de violência sexual.

O MP apontou ainda que Sara violou o Marco Civil da Internet ao dar publicidade a dados pessoais de uma criança nas redes sociais e a Constituição Federal, que garante o direito à integridade da pessoa humana.

A Promotoria cobra que Sara pague indenização de R$ 1,32 milhão, que será revertido para o Fundo Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente.

Inquérito das 'fake news'. O perfil suspenso pelo Twitter nesta quarta se tratava um 'reserva' criado pela extremista após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenar às plataformas que bloqueassem os perfis de investigados no inquérito que apura 'fake news', ofensas e ameaças contra integrantes da Corte.

Moraes justificou a decisão que suspendeu o perfil de Sara e outros bolsonaristas com a necessidade de 'interromper discursos criminosos de ódio'. A medida foi determinada em maio, quando apoiadores do governo foram alvo de buscas pela Polícia Federal, mas só foram cumpridas em julho, quando o ministro enviou às plataformas a lista completa de perfis que deveriam ser bloqueados.

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Sara Giromini foi presa pela Polícia Federal no âmbito de outro inquérito sigiloso no Supremo, que apura o financiamento de atos antidemocráticos em Brasília. Ela ficou detida por dez dias por ordem de Alexandre de Moraes e teve a prisão convertida por medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar das sedes do Congresso Nacional e o Supremo, em Brasília.

Esta segunda investigação mira a existência de suposta associação criminosa voltada para o financiamento, publicidade e divulgação de manifestações pelo fechamento do Congresso Nacional e em defesa de intervenção militar em Brasília. Indícios apontam que o grupo visaria obter lucros financeiros e políticos com os atos.

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