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Turismo sofre perdas progressivas desde o início da pandemia

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Por Alexandre Sampaio
Atualização:
Alexandre Sampaio. FOTO: CHRISTINA BOCAYUVA Foto: Estadão

Em março, não imaginávamos que o coronavírus atingiria o mundo com tamanha severidade. A ideia de que essa situação perduraria por tanto tempo não passou pela nossa cabeça quando o assunto começou a ser debatido. Entretanto, seis meses depois, vemos que ainda estamos permeando essa batalha contra um inimigo invisível.

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Por ter mexido em toda a estrutura social e trabalhista, a Covid-19 readequou a rotina de milhões de brasileiros. O registro do desemprego e da falência de empreendimentos disparou em diferentes setores. No meio turístico, não poderia ser diferente, até porque, o segmento é considerado um dos mais afetados pela pandemia.

Numericamente, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) trouxe o cenário em que estamos inseridos: com a perda de quase 50 mil estabelecimentos voltados ao nosso setor, entre março e agosto, estamos lidando com danos acumulativos que prejudicam a retomada das nossas atividades em âmbito nacional.

Além disso, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) informou que 481,3 mil postos formais de trabalho, dentro do Turismo, foram eliminados. Dessa forma, estamos passando por um momento crítico e, quando fazemos as contas, nos assustamos com o que vemos.

Na última segunda-feira (5), foi comemorado o Dia das Micro e Pequenas Empresas. A data ainda trouxe uma necessária reflexão de tudo o que passamos: tivemos o registro de que os estabelecimentos de micro e pequeno porte sofreram em excesso, pois acarretaram a perda de 48,3 mil negócios, no geral. Noventa e cinco por cento dessas empresas estão englobadas dentro do turismo.

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Tivemos também, apenas em setembro, um déficit de quase R$ 25 bilhões no setor. Nossa batalha é em prol da mitigação dos prejuízos causados pela Covid-19, mas ainda vemos que há questões mais profundas que precisam ser debatidas para, posteriormente, encontrarmos eventuais soluções.

Todos os segmentos turísticos registraram saldos negativos, todavia, o diálogo para a alimentação fora do lar e para a hospedagem precisa ser mais assertivo. A perda destes meios foi de R$ 39,5 mil e R$ 5,4 mil, respectivamente, o que nos traz a percepção da delicadeza e da urgência de novas formas para driblar a queda progressiva de faturamento.

A vida, paulatinamente, está voltado ao normal, entretanto, as coisas não serão como antes. Hoje em dia, temos o registro de que 90% dos hotéis estão abertos. Bares, restaurantes e similares também já contabilizam as suas atividades diárias em andamento, mas temos uma movimentação fraca.

Mesmo assim, estamos buscando novos horizontes para sobressair dos momentos de dificuldade. Um grande exemplo é a premiação 1º Desafio Brasileiro de Inovação em Turismo, competição responsável por buscar responder às necessidades imediatas do contexto pós-pandemia e, além disso, promover a resolução de desafios gerais correlacionados ao turismo brasileiro. A iniciativa mostrou que é possível buscar a transformação do nosso setor com a colaboração de grandes mentes brasileiras.

Sempre defendi que juntos somos mais fortes e, com este desafio, conseguimos ter mais certeza dessa afirmação. Hoje, a inovação corre nas veias das empresas turísticas e isso é muito importante. Nessa competição, pudemos avaliar grandes projetos. O nosso futuro é promissor, não tenho dúvidas, mas, primeiro, é preciso enxergar as nossas reais necessidades.

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Não podemos dizer que será possível recuperar tudo o que perdemos. É inviável afirmar isso, contudo, devemos buscar novas formas de trazer momentos de respiro para o turismo, pois, somente desta forma será possível tentar chegar perto de onde estávamos antes da Covid-19. Nosso setor é gigante e devemos reconhecer que, ainda com os prejuízos gerais, poderemos sair mais fortes e mais conscientes do nosso papel em relação à sociedade.

*Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)

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