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"Tudo bem", responde aliado de Temer sobre propina de R$ 15 milhões

Em pedido de inquérito enviado ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) aceitou os valores referentes a 5% de um lucro anual de R$ 300 milhões que a JBS teria após resolver impasse no Cade

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Fabio Fabrini , Fabio Serapião , Beatriz Bulla e de Brasília
Atualização:

Rodrigo Rocha Loures. Foto: Brizza Cavalcante / Agencia Camara

O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) aceitou propina de R$ 15 milhões para resolver pendências da J&F, holding que controla a JBS, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), conforme pedido de inquérito enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em conversa gravada, o empresário Joesley Batista, acionista do grupo, promete dar ao congressista 5% de um lucro anual de R$ 300 milhões, que obteria ao resolver o imbróglio no órgão. "Tudo bem, tudo bem", respondeu imediatamente o peemedebista.

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Rocha Loures conversou com Joesley em 13 e 16 de março, depois de ter sido indicado pelo presidente Michel Temer como seu interlocutor, no dia 7 do mesmo mês.

A J&F controla a Empresa Produtora de Energia, de Cuiabá, que consome gás proveniente da Bolívia. Porém, é obrigada a comprar o produto da Petrobrás, a preço bem mais alto que o praticado pelos bolivianos. O interesse de Joesley era o de adquiri-lo diretamente do país vizinho ao a preço de custo da estatal brasileira , o que lhe garantiria uma economia diária de cerca de R$ 1 milhão por dia.

Durante a conversa, o deputado se compromete a resolver a questão e tenta ligar, sem sucesso, para o superintendente do Cade, Eduardo Frade. Em seguida, consegue falar com o presidente em exercício do órgão, Gilvandro Araújo, explica a questão e avisa ao empresário que ele havia "entendido o recado". A proposta de propina para solucionar a questão veio logo depois, conforme o documento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Nos diálogos, o empresário diz ao deputado também que há algumas "posições-chave" no Cade e outros órgãos, como Banco Central, Companhia de Valores Mobiliários (CVM), a Receita Federal e na Procuradoria da Fazenda Nacional, nos quais precisa de pessoas capazes de resolver seus problemas.

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Janot salienta que o deputado se compromete a levar algumas indicações para esses órgãos ao presidente. "Eu só preciso é resolver meus problemas. Se resolverem, eu nem...", afirma Joesley. "O importante é que resolva", retruca Rocha Loures. "Resolve o problema, aê resolve, então pronto", emenda o empresário.

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