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Trinta deputadas saem em defesa de colega emedebista que declarou apoio a Lira e acusam 'assédio e violência política contra mulheres'

Correligionária do candidato Baleia Rossi, Daniela do Waguinho manifestou apoio público ao adversário Arthur Lira; movimento rendeu nota de repúdio da Executiva Nacional do MDB Mulher, que agora é alvo de desagravo das parlamentares da base do governo

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

Candidato do governo Jair Bolsonaro para presidir a Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL) lidera a corrida pelo cargo com a promessa de votos, inclusive, de correligionários do seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP). Um dos apoios em terreno inimigo, manifestado pela deputada Daniela do Waguinho (MDB-RJ), abriu uma crise inusitada. Deputadas bolsonaristas saíram em defesa da colega e passaram a acusar o MDB de assédio e violência política contra mulheres.

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As parlamentares reagiram depois que a Executiva Nacional do MDB Mulher divulgou uma nota para repudiar a dissidência.

"A deputada Daniela do Waguinho (RJ) desrespeita todas as mulheres emedebistas ao declarar apoio ao deputado Arthur Lira para presidência da Câmara. Nós, do MDB Mulher, repudiamos o apoio a um candidato que não respeita os direitos da mulher e tem um passado sombrio de agressões. A posição da deputada não encontra respaldo na história do nosso partido", diz o texto.

Em resposta, 30 deputadas da base do governo lançaram um desagravo em que atribuem tratamentos diferentes a homens que decidiram ir contra a direção do partido nas eleições internas pela direção da Casa.

"Ao invés de promover a voz de suas parlamentares, num gesto de profunda violência política partidária, o MDB lhe dirige palavras que não ousou dirigir aos homens que fizeram igual opção", diz a nota.

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"Apesar do assédio político, as parlamentares devem se manter livres para manifestar suas preferências, mesmo quando em desacordo com a direção do partido. (...) Nós, deputadas, lutamos todos os dias contra a dominação masculina no interior dos partidos e nos espaços de poder. Quando uma deputada se insurge contra uma decisão injusta da cúpula partidária, nosso papel é ouvir e respeitar, sem pretender calar sua manifestação", acrescenta o texto.

Neste ano, a eleição para a presidência da Câmara está sendo disputada voto a voto. Apesar da formação dos blocos que, na teoria, colocam Baleia Rossi como favorito, há dissidência dentro dos partidos, para os dois lados. Veja o placar feito pelo Estadão.

Daniela do Waguinho declarou apoio a Arthur Lira na corrida pela presidência da Câmara. Foto: Reprodução/Facebook

Leia a íntegra da nota:

"Temos visto agressões absurdas quando se trata da participação da mulher na política. Por isso, repudiamos a nota publicada pelo MDB Mulher Nacional contra a manifestação de apoio de Daniela do Waguinho à candidatura de Arthur Lira à presidência da Câmara. Ao invés de promover a voz de suas parlamentares, num gesto de profunda violência política partidária, o MDB lhe dirige palavras que não ousou dirigir aos homens que fizeram igual opção. O mesmo ocorreu com diversas deputadas do PSL e com a deputada Liziane Bayer, do PSB, que estão sob ameaça de expulsão. Mas, apesar do assédio político, as parlamentares devem se manter livres para manifestar suas preferências, mesmo quando em desacordo com a direção do partido, pois a disciplina partidária não confere aos seus dirigentes poder absoluto para controlarem as ações parlamentares dos eleitos pela sigla, pois atividades legislativas não se confundem com atividades partidárias. Nós, deputadas, lutamos todos os dias contra a dominação masculina no interior dos partidos e nos espaços de poder. Quando uma deputada se insurge contra uma decisão injusta da cúpula partidária, nosso papel é ouvir e respeitar, sem pretender calar sua manifestação. A eleição da nova Mesa Diretora da Câmara é uma escolha individual de cada parlamentar, que deve prestar contas com seus eleitores, não com os dirigentes que pretendem tutelar suas vontades. Daniela do Waguinho, Liziane Bayer e muitas outras mulheres não foram as únicas a se insurgirem contra a orientação de seus partidos, mas foram as únicas por eles repudiadas. Isso tem nome: assédio e violência política contra mulheres. Contem com nosso apoio, nossa solidariedade e a nossa luta!"

Veja quem assina:

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1. Margarete Coelho (PP-PI)

2. Soraya Santos (PL-RJ)

3. Celina Leão (PP-DF)

4. Flávia Arruda (PL-DF)

5. Dra. Marina Santos (SD-PI)

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6. Bia Kics (PSL-DF)

7. Rosângela Gomes (REP-RJ)

8. Aline Sleutjes (PSL-PR)

9. Katia Sastre (PL-SP)

10. Greyce Elias (AVANTE-MG)

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11. Carla Zambelli (PSL-DF)

12. Major Fabiana (PSL-RJ)

13. Alê Silva (PSL-MG)

14. Clarissa Garotinho (PROS-RJ)

15. Jaqueline Cassol (PP-RO)

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16. Christiane Yared (PL-PR)

17. Iracema Portella (PP-PI)

18. Magda Molfato (PL-GO)

19. Maria Rosas (REP-SP)

20. Aline Gurgel (REP-AP)

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21. Luiza Canziani (PTB-PR)

22. Liziane Bayer (PSB-RS)

23. Rosana Valle (PSB-SP)

24. Angela Amin (PP-SC)

25. Leda Sadala (AVANTE-AP)

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26. Dra. Soraya Manato (PSL-ES)

27. Daniela do Waguinho (MDB-RJ)

28. Rose Modesto (PSDB-MS)

29. Mara Rocha (PSDB-AC)

30. Dra. Vanda Milani (SD-AC)

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