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Três dicas para perder dinheiro com criptomoedas

Por Helena Margarido
Atualização:
Helena Margarido. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Existe uma máxima no mercado de capitais que diz que um ano corresponde a sete no mercado de criptomoedas - moedas virtuais que utilizam a criptografia e a tecnologia de blockchain e são negociada pela internet. Sendo assim, estou no mercado há 63 anos-bitcoins (ou 63 bitcoin years). Ao longo desses anos, vi e vivi muita coisa. Antes de começarmos, um aviso: este artigo contém ironia.

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Enquanto se verificam novas altas diárias dos criptoativos, fiz um levantamento e cheguei a três dicas sobre como perder dinheiro com criptomoedas. Vamos a elas:

Dica #01:

Meus primeiros anos coincidiram com a época em que muitos ainda acreditavam que bitcoin (BTC) "é moeda de nerd e criminoso". Motivos para isso não faltavam: toda notícia veiculada pela mídia era, invariavelmente, a respeito de algum esquema criminoso que utilizava a criptomoeda como forma de pagamento.

Coincidência ou não, foi nesse momento que vi a maior quantidade de pessoas perder dinheiro com criptos: com o bitcoin cotado na casa dos US$ 200, nenhum argumento que eu desse era suficiente para desmanchar a péssima imagem que o noticiário em geral conferia a esse tipo de ativo. Então, de todos meus conhecidos, praticamente nenhum comprou BTC à época. Motivo: o medo do desconhecido e excesso de informação desencontrada da realidade.

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Portanto, a primeira dica para se perder dinheiro com criptomoedas é: esteja desinformado.

Dica #02:

Outro momento em que vi muita gente perder dinheiro com criptomoedas foi entre 2016 e 2017.

Naquela época, o assunto ganhou mais notoriedade por conta de um esforço imenso em difundir as tecnologias de blockchain (como se elas existissem totalmente apartadas das criptomoedas, e não são). Logo, havia muita gente que acreditava que "blockchain é bom e bitcoin é mau", na mais completa desinformação sobre o assunto.

Foi também nesta época em que foi criado um processo que permitia a qualquer um emitir criptomoedas próprias, utilizando o protocolo Ethereum - um processo que ficou conhecido como emissão inicial de moedas, as Initial Coin Offers (ICOs, em alusão aos tradicionais IPOs realizados em bolsas de valores).

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Por conta disso, foi um período marcado por incontáveis projetos se auto proclamando de "o novo Bitcoin", desde iniciativas cripto - até bacanas -, a golpes escrachados e outras porcarias que não tinham o menor sentido, nem como criptomoeda, nem como modelo de negócio.

Mas com o Bitcoin batendo novas altas, dia após dia, muita gente movida pela mais pura e destilada ganância buscou nessas alternativas a possibilidade de ter altos retornos. Infelizmente, a maior parte dessas iniciativas não vingou e muita gente perdeu dinheiro.

Logo, minha dica número 2 é: desinformação somada à ganância desmedida dará um resultado desastroso.

Dica #03:

Por mais que o ativo seja bom e o mercado esteja em alta, a falta de timing pode fazer você perder dinheiro com criptoativos.

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Para explicar essa questão, vale a pena lembrar a teoria das cinco ondas de Elliot aplicada ao mercado. Segundo ela, todo movimento possui cinco ondas: três de impulso e duas de correção, sendo essas ondas alternadas. Ou seja, um movimento de alta de determinado ativo tem a onda 1; de alta, uma onda 2, de correção, onda 3, novamente de alta, superando a máxima anterior, uma onda 4 de correção e a onda 5, que é quando o ativo alcança o preço máximo daquele movimento maior.

Aplicado ao criptomercado, isso se traduz da seguinte forma:

  • Em março de 2017, a mídia divulga a nova máxima histórica do Bitcoin, na casa dos US$ 1.300 e a pessoa pensa: que pena, tarde demais pra comprar (onda 1);
  • Na sequência, o preço cai 30% e ela pensa: "ufa, ainda bem que não comprei" (onda 02);
  • Alguns meses depois, em agosto de 2017, o preço chega aos US$ 5.000 e vira manchete de todos jornais (onda 3);
  • A mesma pessoa pensa: "poxa, deveria ter comprado, mas agora é tarde demais...";
  • Na sequência, o preço corrige (cai) cerca de 30% novamente (onda 4) e ela fica aliviada por não ter comprado o ativo;
  • Por fim, em dezembro de 2017, o preço chega a quase US$ 20 mil (onda 5). A pessoa, indignada pois deixou de ganhar quase vinte vezes, se enche de coragem. Pensa: "agora, não vou deixar passar!". E compra o ativo no topo no movimento de alta.

Esse é um caso real e vi muita gente até vender carro e casa pra comprar bitcoins na máxima histórica de 2017 - e amargaram uma longa e dolorosa correção do ativo na sequência.

Portanto, a dica número 3 é: errar o timing várias vezes e ser corajoso quando decidir acertar. Você só tem a perder com isso.

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Erros à parte, o que todos buscamos é ter lucro. E 2021 é o ano das criptomoedas. Como disse, informação e timing são extremamente importantes. E a hora é agora.

*Helena Margarido é advogada, empresária e especialista em criptomoedas da Inversa

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