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Transparência e inventividade

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Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Bridgewater, maior empresa de hedge funds do mundo (mesmo com as perdas da covid, administra mais de US$ 150 bilhões), tem uma cultura interna baseada em transparência radical.

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São comuns na empresa reuniões com mais de 200 pessoas, gravadas em vídeo, onde são ranqueados, por exemplo, os piores gerentes de áreas -- que, diante dos demais, precisam lidar com adjetivos francos. E sabe o que é mais interessante? As pessoas gostam de receber essas críticas. E por que gostam? Porque elas crescem com elas.

Na Bridgewater, você nunca verá dados reavaliados para provar um determinado ponto, e sim pontos reavaliados para melhorar determinados dados. O próprio CEO, Ray Dalio, conta que já recebeu emails do tipo: "Ray, você mandou muito mal na reunião de hoje. Se não se preparou, por que não cancelou, em vez de nos fazer perder tempo?".

E agora, é o próprio Ray Dalio quem está propondo o modelo de transparência radical ao mundo: em recente entrevista ao fundador da TED Talks, o CEO da Bridgewater nos mostra como, com a covid, instantaneamente entramos em uma depressão semelhante à de 1929 -- com a geração da maior dívida pública de todos os tempos (mas também com a maior redistribuição de renda realizada até então). Ele também nos lembra como os anos seguintes à depressão de então foram capazes de promover uma mudança estrutural no capitalismo -- algo que, segundo ele, estamos precisando mais do que nunca. E que dependerá de inventividade.

Muitas marcas já se deram conta disso, e vêm usando a criatividade para propor uma nova relação com o mundo: seja através da preservação do meio ambiente (Patagonia, Reserva, Natura, Lego), de um nível de serviço fora da curva (Bonobos, Zappos), de uma experiência acolhedora (Ben&Jerry's, Starbucks), ou de um modelo de reciprocidade (TOMS, Warby Parker). E tudo indica que é com essas marcas -- que devolvem para a sociedade -- que a nova geração de consumidores desejará se relacionar depois que tudo passar.

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Acostumado a melhorar através da transparência crítica, Ray Dalio está neste momento sendo generoso o suficiente para dividir um pouco dessa verdade conosco. Mas será que estamos dispostos a escutar e desaprender?

*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe

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