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Transição do governo dos EUA e as primeiras medidas de Biden

Por Cássio Faeddo
Atualização:
Cássio Faeddo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Donald Trump foi eleito sob o slogan de fazer a América grande novamente. Nesse sentido, prometeu em 2016 um país voltado ao seu povo e interesses da nação. A figura do muro a ser construído na fronteira com o México, metaforicamente, deu o tom da campanha. Fechar o país como nação dos perigos do exterior.

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Desta forma, o custo com ações e adesões a tratados internacionais foram postos em xeque pela administração Trump; isso em diversos níveis, como OMC, ONU, meio ambiente, direitos humanos, ilustrativamente.

No que se refere à China, a conduta de Trump pareceu um tanto confusa quanto errática, bem como a tentativa de aproximação com a Coréia do Norte. Por outro lado, talvez pela inevitável divisão de poderes com China e Rússia, possivelmente Trump tivesse apenas a intenção de reduzir custos do que propriamente tentar se opor a estes países.

Não parece ter havido dúvida séria de que a China teria, como tem, crescimento inevitável, e não restou muito claro se as relações exteriores de Trump, especialmente com a China, obteve algum sucesso.

Sanções e protecionismo foram estratégias recorrentes, tentando frear os danos da política cambial chinesa. Destruir mecanismos de relações exteriores que são fundamentados no direito internacional, demonstra que houve um forte viés realista na administração Trump para alcançar seu objetivo protecionista.

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Se, de fato, houve um fim da história, seu recomeço passa pelo reposicionamento dos EUA, ainda como imensa economia e poderio militar, mas não mais hegemônico. O realismo Trumpiano, mais uma vez, aparentemente errático, foi de um realismo possível.

É sabido que Trump perdeu as eleições por dois fatores centrais:  o negacionismo e a equivocada abordagem na terrível pandemia da Covid-19, e o assassinato de George Floyd com as consequentes manifestações que se desenrolaram por dias nos EUA.

Trump resistiu, minou as instituições e todo o sistema democrático dos EUA, especialmente ao resistir até onde conseguiu, a aceitar o da eleição de Biden. Sabidamente todas essas atitudes demonstraram-se inócuas para seu intento de continuar na presidência, inflamou seguidores, provocou mortes, e possivelmente conduzirão à inelegibilidade.

O futuro governo Biden dá seus primeiros passos no sentido de reconstruir, pelo menos em parte, o sistema internacional negligenciado e até mesmo destruído por Trump.  Algumas medidas, como a volta ao Tratado de Paris, outras relacionadas aos imigrantes e direitos humanos, já dão o tom da administração Biden.

Por outro norte, parece ocorrer uma maior preocupação com a participação racial no governo, como a nomeação do General Lloyd Austin para secretário da defesa, que assume por suas próprias qualidades, mas como um sinal da importância da diversidade também na administração do país.

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O inevitável protagonismo chinês conduzirá a necessidade de uma maior cautela no respeito quanto a diplomacia e direito internacional. Nem se perca de vista que o maior desafio após a pandemia será gerar empregos e melhorar a economia substancialmente. Sem isso, não há governo que se sustente. 

Cássio Faeddo, advogado. Mestre em Direitos Fundamentais. MBA em Relações Internacionais - FGV/SP

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