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Trabalho em casa: como a pandemia ressignificou a gestão de empresas e startups

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Por Juliane Souza
Atualização:
Juliane Souza. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

No próximo mês, vamos completar um ano do dia em que ouvimos o termo home office dominar o noticiário mundial e também a nossa própria rotina. Em 2020 o nosso comportamento mudou, e muitos hábitos novos foram criados. E como não poderia ser diferente, o universo da gestão de pessoas também passou - e ainda está passando - por mudanças, que chegaram para ficar e transformar as empresas.

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Tais mudanças são desafiadoras, claro. Mas o trabalho remoto nos trouxe oportunidades interessantes de desenvolvimento pessoal, clima e engajamento para as organizações

Durante os últimos meses ficou cada vez mais nítida a importância de ter um time formado por pessoas que compartilham da mesma cultura e valores e acreditam no mesmo propósito. Acredito que um time motivado é fruto de um líder motivado. É paradoxal perceber que desde que começamos a trabalhar 100% remotamente, estamos ainda mais próximos das pessoas, mantendo um ritmo e contato diários, munindo as pessoas com informações valiosas e fazendo com que cada um saiba o impacto do trabalho que realizam.

Despertar esse senso de ownership é essencial, pois, ao se sentirem uma peça importante dentro da organização, as pessoas se sentem mais desafiadas e engajadas. Isso, aliado ao crescimento e resultados expressivos da empresa, faz muita diferença no dia a dia das pessoas.

Além disso, liderar um time a distância pede que sejamos cada vez mais estruturados e processuais, o que em uma startup pode ser um desafio, dado que estamos construindo tudo ao mesmo tempo em que a nossa operação está crescendo - e muito. Percebo que um dos principais desafios do trabalho remoto é a gestão do tempo e a disciplina, já que o "expediente eterno" pode ser uma armadilha, mas hoje acredito que estamos aprendendo a gerir melhor o tempo e conseguindo criar uma rotina de trabalho mais flexível e coerente.

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Outro grande desafio da gestão de pessoas atualmente é a contratação de pessoas. Durante a pandemia, nosso time dobrou de tamanho. De março de 2020 até o momento foram 60 contratações, e os processos foram 100% virtuais. A pandemia nos trouxe uma série de desafios e certamente trabalhar o fit cultural dos candidatos foi uma delas. Não apenas para nós como empresa, mas também para essas pessoas. Se para uma empresa contratar alguém sem ter qualquer contato pessoal é difícil, imagine para os candidatos? Aceitar uma proposta de uma pessoa que você nunca viu, para trabalhar em uma empresa onde você nunca esteve e, depois de tudo isso, começar a trabalhar "sozinho" em casa é no mínimo uma situação atípica.

Nesse quesito, as empresas certamente tiveram que se reinventar. A saída por aqui foi adotar mais etapas de entrevistas, que, embora sejam curtas, têm o objetivo de explorar mais as soft skills dos candidatos. Trabalhamos para nos comunicar com a maior clareza possível, dando exemplos reais para os candidatos sobre como é o dia a dia da empresa e o que eles podem esperar. Antes da pandemia, já fazíamos a maior parte das entrevistas virtuais, por conta da mobilidade na cidade. Sempre buscamos otimizar o tempo das pessoas - isso está no DNA do nosso negócio. Na maioria dos nossos processos apenas os candidatos finalistas eram convidados para um bate papo presencial e final. Temos um time que se preocupa genuinamente com as pessoas Por isso, toda a interação é feita com muito cuidado.

A pandemia acelerou um processo que demoraria de 5 a 10 anos para acontecer. Fez com que as empresas precisassem se reinventar. Mudou a maneira como nos relacionamos com o nosso tempo, com nossa casa e até com a nossa família. Até para as empresas nascidas no digital houve impactos inimagináveis.

A natureza do nosso negócio sempre propiciou que o mundo digital e virtual fizessem parte do nosso dia a dia, mas em poucos meses tivemos que refinar tudo isso e criar novos processos. Acredito que o pós-pandemia irá consolidar a adaptação a um mundo cada vez mais volátil e ágil e aos "encontros virtuais" sem perder a sensibilidade da jornada daquele colaborador. Afinal, temos que fazer uso das tecnologias, sem perder de vista as pessoas que movem nosso negócio.

Hoje e no futuro, caberá ao gestor de pessoas trazer inovações que provoquem as mudanças necessárias para atender às necessidades dos colaboradores e a excelência operacional, mas sem perder de vista o fortalecimento da cultura organizacional.

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*Juliane Souza, diretora de People Operations na Lalamove LatAm

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