Por Fausto Macedo
O criminalista Antonio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef - réu da Operação Lava Jato -, afirmou nesta sexta feira, 10, que "tentar denegrir a imagem do juiz é ato de covardia". Basto repudiou as críticas do PT e do governo ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato.
Na última quarta feira, 8, Moro interrogou o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Youssef, personagens centrais de grande esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobrás. Os interrogatórios foram realizados dentro de uma das ações criminais da Lava Jato e não têm qualquer vínculo com a delação premiada que Costa fez e com a delação que Youssef está fazendo.
Como réus da Lava Jato, mesmo tendo feito delação, Costa e Youssef têm que continuar respondendo às ações penais normalmente. Os benefícios da delação eles poderão obter no momento em que o juiz sentenciar.
Nos interrogatórios, Costa e Youssef não citaram nomes de autoridades com foro privilegiado, mas revelaram que 3% sobre o valor de contratos de diretorias da Petrobrás seriam destinados ao PT. A divulgação dos depoimentos irritou o PT e o governo, embora o processo seja público.
"O juiz Sérgio Moro é um homem sério, honesto, acima de qualquer suspeita e está acima de qualquer intenção de natureza política", afirma o advogado Figueiredo Basto. "Não tenho procuração para defender o juiz, mas essa investida (do PT e do governo) contra ele é absolutamente despropositada e caluniosa."
"Nós da defesa não tínhamos interesse na divulgação do que Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa declararam, mas não estamos reclamando porque desde o começo não há segredo de Justiça nos autos", destacou Figueiredo Basto. "Todo o processo correu na mais absoluta legalidade e transparência. Afinal, todos os processos são públicos, a publicidade é a regra, o sigilo é a exceção."
Para Figueiredo Basto, a ofensiva contra o juiz Moro "mostra que estão querendo fugir do foco". Em claro recado a políticos citados na Lava Jato, o criminalista argumentou. "O sigilo só beneficia esse tipo de coisa, fico surpreso que se tente denegrir a imagem do juiz. É mais um ato de desespero. A filosofia dessa gente aceita tudo, mas não querem assumir a consequência dos seus atos. Depois de descobertos eles se revoltam. Querem criar álibi inclusive para transforma juiz em bandido e o bandido em juiz. Isso já tentaram fazer. Lamento profundamente que hostilizem o juiz Sérgio Moro dessa forma. Não houve nenhuma irregularidade, nenhum vazamento porque o processo é público."
Figueiredo Basto diz que os advogados não queriam publicidade dos atos de interrogatórios e outros, não queriam divulgação. "Mas o processo estava absolutamente fora do sigilo há muito tempo, então, não houve vazamento, o que houve foi o regular exercício de colocar todos os atos em processo eletrônico".
"As pessoas têm o direito de espernear, mas vamos espernear dentro da regra. Se alguém se sente injuriado ou injustiçado terá todos os caminhos para buscar reparação. Mas é inaceitável atacar o Judiciário dessa forma", adverte Figueiredo Basto. O criminalista assinala que a audiência (para interrogatório de Youssef e Costa) "já estava marcada há muito tempo, desde o dia 19 de setembro, portanto, muito antes do primeiro turno das eleições".
"Não tenho amizade com o juiz (Sérgio Moro), mas eu o respeito profundamente. Sei que ele não tem nenhum interesse, muito menos eleitoral, seu interesse é apenas cumprir sua missão de magistrado e, por isso, pode estar incomodando muita gente", afirma Figueiredo Basto.
"Trata-se de processo com réus presos e a Justiça tem prazo para cumprir, um prazo extremamente exíguo", alerta o criminalista. "Não vi nenhuma condução ou medida para proteger ou para perseguir quem quer que seja."
Ele disse que no dia dos interrogatórios de Costa e de Youssef havia 12 advogados na sala do juiz. "Ninguém, nenhum advogado, impugnou o fato de o processo correr sem segredo. A regra do jogo constitucional determina discussão dentro do processo. Ninguém impugnou a publicidade do processo."