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'Temos que lutar contra a ideia que caixa 2 é fenômeno brando', afirma juiz

Bruno Lorencini, magistrado federal em São Paulo, afirma que processo contra a chapa Dilma/Temer 'mostrará o que foi a história do Brasil em relação ao processo eleitoral e o que podemos fazer daqui para a frente'

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Por Julia Affonso
Atualização:

Juiz Bruno Lorencini. Foto: Ajufesp

O juiz federal Bruno César Lorencini afirmou nesta terça-feira, 10, que o julgamento da chapa Dilma-Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 'mostrará o que foi a história do Brasil em relação ao processo eleitoral'. Ele falou sobre 'Caixa 1, caixa 2, caixa N' no III Congresso Ética em São Paulo.

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"Esse processo, talvez o maior legado dele seja no futuro, isso muito pelo trabalho do ministro Herman Benjamin, mostrará o que foi a história do Brasil em relação ao processo eleitoral e o que nós podemos fazer daqui para a frente", afirmou Lorencini, que é magistrado no Fórum Federal de Guarulhos, professor no Mackenzie e presidente da Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Ajufesp),

Em sua palestra, o juiz federal chamou a atenção para a tentativa de 'minimizar' o caixa 2 - doação eleitoral por fora. Segundo o juiz, no direito eleitoral, caixa 2 e corrupção 'geram o mesmo efeito'.

"De uma forma ou de outra, essa ideia ficou cravada e é isso que a gente tem que lutar contra, que o caixa 2 é um fenômeno mais brando, mais aceitável do que o pagamento de propina, da compra de um ato de ofício, de uma contrapartida específica", disse.

"Uma constatação genérica que todos que participaram desse processo chegaram é que a forma como é feita a campanha no Brasil e algo totalmente fora da realidade em termos de valores."

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Lorencini foi juiz auxiliar convocado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O magistrado atuou ao lado do ministro Herman Benjamin, relator do processo movido contra a chapa Dilma-Temer.

Em junho, o ministro-presidente do TSE, Gilmar Mendes e outros três magistrados da Corte eleitoral rejeitaram a cassação da chapa vitoriosa em 2014 - Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira acompanharam Gilmar.

O julgamento durou quatro dias. Votaram pela condenação Herman Benjamin, Luiz Fux e Rosa Weber. O resultado manteve os direitos políticos da ex-presidente Dilma.

Lorencini alertou que os desvios não estão ligados a 'um partido ou de um político específico'. "Estou falando de uma identificação do nosso sistema eleitoral, do nosso processo eleitoral, degradado como, pelos menos no aspecto financeiro, foi até hoje."

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