'Tem que manter isso, viu?', disse o presidente Michel Temer (PMDB) sobre mesada milionária ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), segundo revelou o executivo Joesley Batista, do Grupo JBS.
A informação foi revelada com exclusividade pelo jornalista Lauro Jardim, no site do jornal O Globo.
Joesley diz ter gravado conversa com Temer na noite de 7 de março durante reunião de cerca de 40 minutos no Palácio do Jaburu.
O executivo disse que comentou detalhes com o presidente da mesada também paga ao lobista Lúcio Funaro, antigo aliado de Cunha. Os dois estão presos - o ex-deputado pegou 15 anos e quatro meses de condenação imposta pelo juiz federal Sérgio Moro; o lobista está custodiado preventivamente em Brasília.
Em depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Joesley disse que 'não foi' Temer quem determinou a mesada a Eduardo Cunha. Mas ele afirma que o presidente 'tinha pleno conhecimento' da operação pelo silêncio do peemedebista.
Os pagamentos ilícitos foram monitorados pela Polícia Federal. O procedimento é denominado 'ação controlada' - com autorização judicial, agentes seguem os alvos, fazem filmagens e gravações ambientais.
Um repasse filmado foi de R$ 400 mil para uma irmã de Funaro, Roberta.
COM A PALAVRA, MICHEL TEMER
NOTA À IMPRENSA
O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.
O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.
O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.