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Tecnologia prestando serviço à sociedade

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Por Kadu Monguilhott
Atualização:
Kadu Monguilhott. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A sigla ESG tem se difundido rapidamente no meio corporativo brasileiro, mas, ainda não é totalmente compreendida. Ela se refere aos compromissos ambientais, sociais e de governança de uma empresa. Mas o que isso significa? Há quem pense se tratar de nova estratégia marqueteira, ou de uma tentativa de "criar dificuldade para vender facilidade" -- uma adição custosa e desnecessária na longa lista de entraves para quem pretende empreender.

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São equívocos compreensíveis, uma vez que a ideia de que uma empresa pode ter outros propósitos além do ganho material destoa da mentalidade tradicional do empresariado. No entanto, a desconfiança em torno desse conceito revela, justamente, o seu potencial transformador.

Adotar práticas ESG significa enxergar a empresa como membro da sociedade civil organizada e assumir as responsabilidades que isso acarreta: mitigar os danos ambientais do negócio, prezar pela igualdade e diversidade em todos os níveis hierárquicos, não compactuar com nenhuma forma de corrupção ou uso antiético de dados dos clientes.

Numa pesquisa global feita pela Masdar, organização de energia limpa, 46% dos entrevistados afirmaram que preferem consumir produtos de empresas com comportamento sustentável, e 31% deixaram de comprar de empresas que desrespeitam o meio ambiente.

Não se trata, portanto, de um verniz de civilização, mas de uma atualização urgente e necessária para acompanhar os valores atuais da sociedade, integrada de forma profunda e contínua aos objetivos de longo prazo da empresa. Essas práticas estão ao alcance de todos, e cada organização -- independentemente do tamanho ou área de atuação -- pode contribuir com o que sabe fazer de melhor.

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Diversos negócios vêm adotando uma série de ações em benefício da sociedade a partir do seu domínio de tecnologias como big data, analytics e machine learning. Projetos pro bonos, por exemplo, vêm atuando junto a municípios para ajudar na triagem de cestas básicas, na contratação de profissionais de saúde e na localização de leitos que precisam de respiradores -- tudo a partir da análise de dados.

Além disso, o fundo Estímulo 2020 utilizou a plataforma de big data para conceder crédito a mais de 4 mil micro e pequenos empreendedores. Certamente sem a tecnologia não seria possível cumprir esse desafio em tempo hábil com a precisão necessária. Já a Ambev, para garantir a sobrevivência dos bares e restaurantes na crise econômica, numa ação calcada em doações e subsídios, que impactou mais de 6,3 mil negócios, fez uso de soluções tecnológicas para garantir o sucesso do projeto.

O escopo de práticas ESG, no entanto, abrange mais que o combate à Covid-19. A criação de comitês temáticos de igualdade de gênero e ecologia, campanhas para a educação e treinamento de jovens no mercado de tecnologia, entre outras iniciativas, se fazem igualmente necessárias para atender aos requisitos sociais trazidos pela sigla ESG.

Temos, ainda, uma série de tecnologias em compliance que visam prevenir conflitos de interesse, atos de corrupção e suborno, entre outros problemas que prejudicam o negócio e a sociedade. Ferramentas, que permitem acessar todas as informações necessárias sobre empresas para avaliar os critérios ESG -- como infrações ambientais, ligações com trabalho análogo à escravidão etc. -- de forma segura e auditável.

As práticas ESG ainda são incipientes no Brasil, mas vieram para ficar e caminham para se tornar consensuais. Em alguns anos, quando colhermos os resultados que elas nos proporcionaram, provavelmente nos perguntaremos por que hesitamos em adotá-las. A análise de big data, machine learning e inteligência artificial podem e devem ser ferramentas de transformação coletiva. O caminho até lá depende apenas de um pouco de coragem, boa vontade, criatividade e tecnologia.

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*Kadu Monguilhott é CEO da Neoway

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