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Tecnologia e novo ciclo de desenvolvimento nacional

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Por André Naves
Atualização:
André Naves. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

O avanço da globalização que já integrava as atividades produtivas e comerciais, acelerou para os campos do trabalho e do estudo. O avanço das atividades online possibilitou os casos de alunos das melhores instituições de ensino global que frequentam os cursos mais diversos sem sair de casa. Também, empresas que exercem atividades econômicas passíveis de se prestarem virtualmente passaram a contratar sua força de trabalho além de suas fronteiras nacionais.

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Assim, diversas possibilidades se descortinam a partir da intensificação do intercâmbio de ideias, além das possibilidades empreendedoras advindas da crescente fluidez transfronteiriça. Dessa forma, o mercado de trabalho possui a capacidade de sustentar um novo ciclo de desenvolvimento econômico a partir, não só do aprimoramento institucional decorrente das mais frequentes transações pessoais transfronteiriças, do aquecimento da atividade econômica remota.

É que estamos inseridos na chamada sociedade de mercado: a interrelação comercial entre entes produtores e consumidores na busca pela reprodução e pelo aumento do valor. A sociedade brasileira, inserida, de maneira mais ou menos intensa, no mercado global, por intermédio de seus produtores e consumidores, atua no intercâmbio de bens, serviços e projetos, na busca de incrementos valorativos. É dizer que a cada troca ocorre um aumento de qualidade essencial, seja ela material ou imaterial, na produção, nos métodos produtivos, ou no consumo e uso dos bens, serviços e até das ideias intercambiadas. A Sociedade de Mercado de que fazemos parte exige a continuidade e a permanência desse desenvolvimento valorativo dos frutos de nossa produção.

Baseado nessa necessidade da permanência da reprodução do valor, a sociedade de mercado global, buscou o aprofundamento de práticas antiquadas, porém ainda funcionais, na tentativa de extrair do processo produtivo maiores quantidades valorativas. Essas práticas, ainda que tenham sido eficientes por longos períodos, hoje, diante das inovações sociais e tecnológicas, geram um aumento substancial da insustentabilidade da reprodução de valor fundamental à sociedade de mercado. A incompatibilidade entre os usos do mercado e a onda tecnológica atual encontra-se no nascedouro da situação instável e crítica, que tem se acentuado recentemente. Essas crises, que assumem tanto características econômicas como sociais, aumentam as incertezas quanto à produção futura de riquezas, o que mingua o direcionamento de recursos às atividades econômicas: ou seja, ao invés da reprodução incrementativa de valor, estamos frente a uma diminuição na valorização de riquezas, o que pode acarretar o colapso de todo o sistema.

Atentos a esse ciclo e a essa incompatibilidade entre práticas anteriores e inovações, os atores produtivos, integrantes da sociedade de mercado global, estabeleceram critérios necessários ao balizamento de novas atitudes mercadológicas, de maneira a evitar o colapso na reprodução de valores e a assegurar a continuidade do processo valorativo: os critérios "ESG" (Environmental, Social, Governance).

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Ou seja, empreendimentos devem buscar, com sua atividade produtiva, a melhoria das condições sociais de vida dos indivíduos e das coletividades equalizando as barreiras que, muitas vezes, foram erigidas pelas vetustas práticas produtivas. Portanto, com a inclusão social dos setores populacionais historicamente excluídos como valor lateralmente originado da atividade produtiva que satisfaça os ditames sociais, o gradiente de criatividade originado da fricção de ideias emergentes do caldo da diversidade social, impulsiona a atividade inovativa e, com ela, o desenvolvimento das ondas tecnológicas que trazem prosperidade e bem-estar.

Isso significa que, ainda que barreiras irrazoáveis ao livre empreendimento persistam, uma agenda microeconômica reformista e simplificadora, obnubilada pelos ruídos presidenciais, encontra-se em marcha. Com esta singela melhoria de nosso ambiente negocial, é possível que alguma prosperidade empreendedora, ainda que tímida, impulsione novos hábitos, posturas e, com isso, Instituições.

Dessa forma, com alguma expectativa de crescimento econômico, muito incipiente, frise-se, o Brasil se tornará mais atrativo aos investimentos, que abundam num cenário de busca por rentabilidade, juros baixos e alta liquidez decorrente dos extensos programas de retomada econômica lançados mundo afora. A vinda desses recursos terá o condão de impulsionar novos negócios e facilitar a tramitação política de reformas fundamentais ao aprimoramento institucional brasileiro.

Assim, o aprimoramento dos marcos normativos brasileiros, com a manutenção daqueles dispositivos funcionais, mas também pela reforma dos preceitos ineficientes, passa, inexoravelmente, pela melhoria no ambiente de negócios. Só assim, com a prosperidade negocial determinante das ações individuais impulsionada pela desburocratização e simplificação do ecossistema empreendedor, conseguiremos avançar em novas práticas e posturas individuais que tornem mais fluida a tramitação política do fundamental reformismo pragmático das Instituições.

Com esse aprimoramento institucional, pela otimização do Sistema Tributário e das estruturas estatais, por exemplo, será possível, além de tornar mais eficiente o ambiente microeconômico, ancorar a sustentabilidade fiscal da dívida pública, fazendo com que todo o edifício macroeconômico ganhe em funcionalidade, confiabilidade e segurança. Esses ganhos econômicos aumentarão a atratividade brasileira aos investimentos, em um novo ciclo de prosperidade e reformas.

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Nesse sentido, com novas opções educacionais franqueadas pelo avanço tecnológico globalizante uma ampla gama de facilidades para formação se descortina: assim, além do pensamento crítico organizado por melhores opções educacionais, que determina uma postura cidadã mais ativa, por meio da fiscalização, participação e cobrança, ganha destaque o aumento de iniciativas empreendedoras.

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Ou seja, é necessário que cada cidadão se conduza motivado pelo bom-senso, no sentido de fiscalizar e participar da vida em comunidade, superando toda a sorte de populismos ainda existentes. Só assim, quando percebermos que os responsáveis somos nós, tomaremos nas mãos o propósito de construir uma sociedade fiscalmente responsável e fundada na Liberdade, necessária à Inclusão Social e à Justiça.

É nesse contexto, do protagonismo individual na solução dos problemas sociais, que ganham destaque as iniciativas, entre outras, do Instituto de Tecnologia e Liderança e do ITuring - Instituto de Tecnologia, que se propõem a preencher várias lacunas na construção de um ambiente empreendedor e inovador mais funcional.

*André Naves, defensor público federal e comendador cultural, é mestre e doutor em Direito Internacional e Economia

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