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Tecnologia e medicina juntas para salvar vidas

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Por Valter Lima
Atualização:
Valter Lima. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A necessidade é a mãe da invenção. A frase, atribuída a Platão, tem sido posta à prova neste momento em que nos reinventamos para lidar com os grandes desafios impostos pela pandemia. Novas formas de trabalho, comunicação e cuidado foram testadas e aceleradas pela tecnologia, a grande protagonista destas iniciativas.

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Na medicina não poderia ser diferente. A tecnologia tem apoiado uma das mais bem-sucedidas iniciativas na saúde durante a pandemia: a telemedicina. Pacientes que costumavam buscar um serviço de urgência e emergência por casos menos graves, agora são teletriados e teleorientados antes de uma eventual consulta presencial, além de receberem a receita médica por prescrição eletrônica.

Casos graves também podem se beneficiar da telemedicina e temos uma experiência brasileira recente. O projeto TeleUTI do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), com foco em pacientes com Covid-19, consiste em uma rede de telemedicina através da qual são realizadas a capacitação e a assessoria de médicos no acompanhamento a pacientes com Covid-19 internados em Unidades de Tratamento Intensivo de hospitais estaduais. Por meio da telemedicina, profissionais discutem e avaliam casos em tempo real, o que não só agiliza como também qualifica o atendimento do paciente.

Os resultados do projeto são expressivos. Os pacientes atendidos pelo programa passam menos tempo entubados, internados e, consequentemente, há menos óbitos, em comparação aos pacientes que não são atendidos pelo programa.

Iniciada em abril deste ano, em um único hospital, que foi o Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na zona norte da capital, a TeleUTI InCor atende hoje 20 hospitais, incluindo centros médicos em cidades do interior. Em longo prazo, ela deve abarcar mais de 100 entidades hospitalares públicas e privadas.

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O InCor está ampliando o conceito da TeleUTI para duas outras ações. A TeleUTI do Futuro InCor capacitará e assessorará UTI do País em várias doenças como na Insuficiência Respiratória Aguda e no Infarto, entre outras especialidades. UTIs gerais de todo o Brasil poderão atender seus pacientes críticos com o que a medicina oferece de melhor, por meio do acesso à equipe do InCor.

O Instituto também está criando um serviço de teleinterconsulta (ou "segunda opinião médica"): o médico que atende o paciente em um hospital do projeto e um médico especialista do Instituto discutem e acompanham o caso diariamente.

O caso do InCor mostra que a tragédia nos trouxe alguns aprendizados. E isso é só o começo de uma transformação digital na medicina, no sentido de mudar a forma como nos relacionamos com médicos e hospitais. Neste novo cenário, a necessidade do paciente é o foco principal.

Com a medicina caminhando para a digitalização, saem de cena os silos incomunicáveis dos centros de saúde e entram sistemas e aplicativos, que armazenam exames e prontuários. Assim, o paciente define com quem e por quanto tempo seus dados serão compartilhados.

Novos caminhos se abrem quando o paciente passa a ser de fato dono de seus dados. Soluções apoiadas em blockchainmachine learning e inteligência artificial criam um novo horizonte para analise de dados e apoio à decisão clínica, fazendo com que o cuidado seja personalizado para cada indivíduo, levando em conta cada vez mais sua genética. Cabe a nós decidirmos o quão distante esse cenário está.

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Em um horizonte mais próximo, as soluções como check-in antecipado, painéis inteligentes e aplicativos permitirão que o paciente fique menos tempo dentro dos centros médicos, reduzindo riscos de saúde. O pós-atendimento também já é realidade, com ferramentas de acompanhamento de doenças, por exemplo. Em breve, as tecnologias aplicadas à saúde também servirão para atender toda a demanda reprimida de cirurgias eletivas e tratamento de doenças crônicas.

Nossa dolorosa experiência como sociedade, após as mais de 130 mil mortes, ao menos nos deixará alguns aprendizados que poderão evitar tragédias futuras relacionadas à sobrecarga do nosso sistema de saúde.

*Valter Lima é CEO da Connectcom

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