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Tecnologia e inovação são peças-chave para o desenvolvimento do setor agropecuário no Brasil

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Por Silvio Crestana
Atualização:
Silvio Crestana. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Atualmente, nenhum negócio sobrevive por muito tempo sem investir em inovação. Isso vale para todas as áreas, inclusive na indústria agropecuária. A demanda está crescendo, o faturamento também, mas as inovações surgem a todo instante e por todo lado. Se uma empresa pára no tempo e não se atenta às novas práticas, não é exagero dizer que, em meses, seus processos podem se tornar obsoletos. Como consequência, a companhia perde competitividade no mercado.

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A melhor maneira de se manter a par das novidades e entender as tendências é contar com um grupo de profissionais altamente qualificados e dedicados ao mesmo propósito: pensar novas soluções, avaliar sugestões do time executivo da empresa para aprimorar tudo o que for possível, aconselhar e indicar novos caminhos tecnológicos e de inovação, se for o caso. É importante ter sempre em mente que a tecnologia e inovação não é uma questão coadjuvante na estratégia de negócios de uma companhia, sobretudo de empresas que atuam no agronegócio, que juntas concentram impressionantes 26,6% do PIB brasileiro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP).

A razão disso está na preparação para o futuro de médio e longo prazo do negócio, com alinhamento ao seu Planejamento Estratégico. O agronegócio é o setor produtivo que mais cresce no Brasil e no mundo, segundo análise da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil. Assim, é imprescindível que a empresa tenha clareza sobre a rota tecnológica e a evolução dos processos que irão trazer inovações substanciais e que acabam por definir os próximos passos e lançar mão de soluções inovadoras para aprimorar ainda mais este crescimento. Estar na vanguarda das inovações é o que define o grau de competitividade das empresas em cinco ou dez anos.

Na rota tecnológica, tratam-se de todos os pontos do ciclo de vida do produto, desde os insumos, desenvolvimento até a fabricação de equipamentos, ou aplicação do produto no campo e reciclagem, na direção da Economia Circular em substituição a Economia Linear. Discute-se como é possível inovar em cada etapa. Para citar um exemplo, a possibilidade de quase todas as operações repetitivas se tornarem autônomas no dia a dia do produtor mais tecnológico está cada vez mais próxima, desde o trator que não necessita de motorista até soluções para a pecuária de leite, como robôs de ordenha. Dessa maneira, a produtividade tende a crescer cada vez mais, com menos custos com mão de obra, redução de erros e continuidade 24 x 7, sem pausas para feriados, por exemplo. E é claro que essas inovações foram apenas ideias e projetos há muitos anos.

Vale destacar, ainda, a necessidade de buscar soluções mais sustentáveis para produção do maquinário e aumento de eficiência do produto, com menor gasto de energia e de combustível. Ou seja, o uso de novos materiais e novas técnicas e métodos de fabricação mais eficientes nas dimensões econômica, social e ambiental, de modo que a empresa possa se adequar às novas exigências dos clientes e consumidores. As práticas ESG (Environmental, Social and Governance) formam um bom exemplo de busca de soluções mais sustentáveis altamente  demandantes de tecnologia e inovação.

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Também é importante a reflexão acerca dos processos dentro da indústria agropecuária. Temos a tendência de associar tecnologia e inovação a robôs, inteligência artificial ou a algum elemento futurista, mas a verdade é que a inovação pode ser simples. Muitas vezes, uma reorganização de um processo interno, em qualquer etapa da cadeia de produção, pode agregar um valor gigantesco no fim do dia, promovendo redução de custos e reduzindo tempo e erros de operação.

Toda essa revolução tecnológica e de processos deve ser alicerçada em três pilares: infraestrutura, instalações e gente. A infraestrutura diz respeito à viabilidade dos projetos, aos recursos necessários para tirar as ideias do papel: valores a serem investidos, plano de ação, perspectivas de negócio, entre outros. As instalações são a parte física da equação: questões de engenharia, ambientes controlados para determinados equipamentos, novos prédios ou reformas. E nada acontece sem pessoas qualificadas. Por isso, além da contratação dos melhores profissionais, é imprescindível investir em capacitação constante do time.

É claro que toda adaptação e evolução interna de processos deve ser precedida de uma avaliação profunda acerca da aderência do mercado. Sem demanda, não há evolução.  Mesmo quando uma novidade é tecnicamente interessante, ela pode ser mercadologicamente inviável. É preciso avaliar isso com cautela para que novos investimentos tenham maior chance de sucesso.

Por essas e outras razões, as empresas do setor agropecuário devem sempre implementar novas ideias e soluções tecnológicas de forma estruturada, incluindo a inovação na sua rotina operacional, sempre alinhado às demandas do mercado e à estratégia de negócio da companhia.

*Silvio Crestana é membro do Comitê de Inovação e Tecnologia da Casale Equipamentos, além de físico, pesquisador e professor universitário. Foi diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de 2005 a 2009. Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, na área de Ciências Agrárias, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Membro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), pertencente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Recebeu o Prêmio Bunge 2018 na área de Ciências Agrárias-Serviços Ecossistêmicos

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