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Tão importante quanto o pacote tecnológico, seguro rural deve ser considerado insumo para o produtor

Por Karine Barros
Atualização:
Karine Barros. FOTO: TULIO VIDAL Foto: Estadão

Havia no início de 2020 uma expectativa positiva para a economia brasileira, mas praticamente todos os mercados viram tal otimismo ruir logo no terceiro mês do ano, por conta da crise causada pela covid-19. Porém, no agronegócio, o cenário favorável se manteve. O setor é responsável por pouco mais de 20% do PIB brasileiro e, na safra de 2019/2020, obteve crescimento recorde na produção de grãos, estimada em 250,5 milhões de toneladas, 3,5% superior ao colhido em 2018/2019, de acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), respectivamente. Os resultados foram alcançados com o aumento na área plantada com as principais culturas, investimento em máquinas e a utilização de pacotes tecnológicos avançados, ações que devem colocar o segmento como protagonista na retomada da economia brasileira pós-crise, segundo avaliações de economistas.

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Devido às variáveis de riscos existentes, até que seja feita a entrega da produção, o seguro rural tornou-se uma ferramenta essencial, proporcionando a proteção da renda, permanência do produtor no meio rural e a manutenção da cadeia produtiva. Mas, durante muito tempo, o valor do seguro era considerado alto demais pelos proprietários de terra, gerando, como consequência, uma baixa contratação em relação à área cultivada no Brasil. No entanto, o incentivo do governo, por meio de subsídios, tem sido um grande aliado.

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que foram disponibilizados R$ 440 milhões para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em 2019, beneficiando 58 mil produtores, com 95 mil apólices e R$ 20 bilhões em importância segurada. Para este ano, o governo aprovou o valor recorde de R$ 1 bilhão para ajudar os agricultores a pagar um seguro.

A forma com que os recursos serão distribuídos aos produtores também mudou, com o objetivo de aumentar a penetração no universo de áreas e culturas. Além disso, é possível enxergar que o Ministério está ativo em várias frentes, com uma preocupação maior na qualidade e gestão da safra, escoamento de produção, formas de minimizar eventuais fraudes, ou seja, focado no desenvolvimento do setor propriamente dito.

Com o passar do tempo, tem sido possível enxergar o melhor entendimento do produtor com relação ao seguro rural, especialmente pelo incremento de corretores preparados para realizar essa oferta. Em 2020, mesmo com o atual cenário, houve um crescimento no ramo, na comparação com o ano passado. Prestes a iniciar a safra de verão, os corretores que trabalham com o produto precisam visualizar e argumentar que é justamente nos momentos de crise que surge a necessidade de preservação do patrimônio, gerando uma perspectiva otimista para as seguradoras que trabalham com a carteira.

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TECNOLOGIA E QUESTÕES CLIMÁTICAS

O envolvimento da tecnologia no agronegócio é de conhecimento de todo o mercado. No Brasil, um dos países que tem o setor como um dos principais pilares econômicos, o investimento tecnológico é ainda mais notório. Seja para aumentar a qualidade e a produtividade das safras e, com isso, promover aumento da eficiência produtiva por hectare plantado, ou na aquisição de equipamentos mais adequados para o preparo do solo e colheita. Essas máquinas chegam com valores altos, na casa dos milhões, e com um nível de tecnologia embarcada que potencializa, inclusive, a agricultura de precisão.

Com o produtor investindo em maquinário e também em suas propriedades rurais, por meio da construção de armazéns, silos e aviários, por exemplo, surge a necessidade de proteção desses bens e o seguro se apresenta como uma solução efetiva e relativamente barata, quando comparado ao valor da apólice versus o prejuízo que ele pode ter. Tendo em vista que, quando o equipamento é roubado ou sofre algum dano, o proprietário é prejudicado não só pela falta do bem, como da atividade que vai deixar de realizar. Assim como o agronegócio está cada vez mais tecnológico, as seguradoras, que amparam o setor, estão buscando na tecnologia maneiras de explorar novos negócios e garantir produtos que atendam às necessidades no campo.

Em estudos destinados a profissionais que trabalham com seguro rural pelo mundo, é possível avaliar que ainda há muito o que explorar no Brasil também no que diz respeito à oferta de proteção às questões climáticas.

O clima no campo é um dos principais desafios para os produtores, especialmente porque está fora do seu controle, e pode ser determinante para o sucesso ou fracasso de uma safra quando uma grande seca, um excesso de chuvas ou granizo ocorrem. Importante ressaltar que algumas situações climáticas podem gerar danos catastróficos aos negócios, a exemplo da grande seca que ocorreu na safra de verão 2019/2020, no Rio Grande do Sul, e, em especial, nessa circunstância o seguro rural foi o principal aliado do produtor. Para se ter uma ideia, as indenizações somente nesse episódio no Sul do País podem alcançar R$ 1,89 bilhão, segundo um levantamento do Mapa, com dados do Programa de Seguro Rural (PSR) e do Banco Central.

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Por se tratar de um ramo que lida com sinistros de grandes proporções, é necessária a realização de uma gestão equilibrada da operação por parte das seguradoras, com riscos pulverizados nas diversas regiões do país. Todo este controle e responsabilidade transmite segurança aos clientes no caso de um evento climático que cause prejuízos aos seus patrimônios.

O seguro rural tem se apresentado como um insumo importante para a gestão de risco do produtor e uma linha de negócio consistente para diversificação da atuação e de produtos das seguradoras. Quando avaliado por uma série histórica, com estratégias equilibradas e de longo prazo, é comprovadamente rentável, podendo ser um grande aliado no trabalho com a variação de carteiras das companhias.

*Karine Barros, diretora de Negócios Corporativos da Allianz Seguros

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