BRASÍLIA - O comentário de um advogado sobre uma maior representatividade de mulheres em cargos públicos de destaque levou o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a ironizar o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Nesta terça-feira, a Primeira Turma do STF julgou o caso de uma mulher presa há 14 meses sob a acusação de cometer os crimes de associação criminosa e posse irregular de arma.
Ao subir à tribuna para fazer a defesa de sua cliente, o advogado Felipe André Laranjo cumprimentou os ministros que integram a Primeira Turma. Depois de se dirigir ao relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, e aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, Laranjo se voltou para Rosa Weber, a única mulher a compor o colegiado.
"Excelentíssima senhora ministra Rosa Weber, queria cumprimentar dessa tribuna, e apenas tecer a admiração pelo trabalho e principalmente por (você) representar na Corte Suprema o poder e a força da mulher. E, com certeza, daqui a pouco tempo, vão deixar de ser minoria. Os meus cumprimentos....", afirmou o advogado.
Nesse momento, o ministro Marco Aurélio interrompeu o advogado: "Talvez não neste governo."
Os demais ministros do STF não esboçaram reação ao comentário irônico de Marco Aurélio. O pedido de liberdade da investigada acabou negado por unanimidade pela turma.
Representatividade. Atualmente, o Supremo conta com apenas duas ministras - Rosa Weber e Cármen Lúcia. É o mesmo número de ministras do governo Bolsonaro - Tereza Cristina (Agricultura) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).
O Supremo, no entanto, é composto por 11 integrantes, o que leva a participação feminina (Rosa e Cármen) representar 18,18% do total de ministros do STF.
O governo Bolsonaro, por outro lado, conta com o dobro de autoridades - 22 ministros -, fazendo a representação feminina no primeiro escalão do Executivo federal ser de apenas 9,09%.