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Suspeitos de invadir celular de Moro são conhecidos nos meios policiais

Walter Delgatti Neto, de 30 anos, o ‘Vermelho’, teve oito passagens nos últimos sete anos pelos órgãos policiais, mas nem todas viraram processos; outro preso, Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, o DJ Guto Dubra, foi condenado por receptação de uma caminhonete furtada em 2015

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

SOROCABA - Os dois principais suspeitos de invadir o celular do ministro Sergio Moro já eram bastante conhecidos nos meios policiais de Araraquara, interior de São Paulo, onde residiam. Walter Delgatti Neto, de 30 anos, o 'Vermelho', teve oito passagens nos últimos sete anos pelos órgãos policiais, mas nem todas viraram processos. Num dos casos mais remotos, ele teria feito o pagamento de uma conta em um hotel de Piracicaba, no valor de R$ 740, com um cartão de crédito furtado. O crime, cometido em julho de 2012, foi julgado em 2015 e resultou em condenação.

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Um policial que interrogou Delgatti pelo menos duas vezes disse que ele insinuava relações de amizade, procurando se mostrar uma pessoa influente. Nessa ocasião, 'Vermelho' tinha sido acusado de dopar e estuprar uma adolescente, mas a jovem acabou mudando a versão e o caso não avançou.

Delgatti ainda responde a processos por furto qualificado, estelionato e falsidade ideológica. Em um dos casos, ele dizia ser estudante da Universidade de São Paulo (USP), usando uma carteira falsa - os dados eram do aluno verdadeiro. Em outra ação criminal, ele foi acusado de ter furtado o cartão bancário de um advogado e usado para fazer uma série de compras, incluindo poltrona, cabeceira de cama e roupas para quarto.

'Vermelho' usava as redes sociais para ostentação. As imagens mostravam o rapaz em viagens ao exterior. Em uma das postagens, apareceu empunhando uma pistola. A polícia descobriu depois que era um simulacro. "Ele alegou que adquiriu o 'brinquedo' porque temia ser alvo de ladrões, por ser "bem de vida." Na época, ele tinha vários carros, inclusive uma BMW.

Mais recentemente, Delgatti passou a usar redes sociais para criticar a Operação Lava Jato e o governo Bolsonaro. 'Vermelho' ainda está filiado ao DEM de Araraquara, mas o partido afirma que ele nunca teve atuação partidária. A advogada Mariani de Cassia Almas, que defende Walter Delgatti Neto em alguns de seus processos, disse que desconhecia qualquer aptidão de seu cliente para crimes cibernéticos. Ela disse que a prisão por esse motivo a surpreendeu, mas o cliente não a tinha procurado para atuar no caso.

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DJ GUTO -Outro preso, Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, o DJ Guto Dubra, foi condenado por receptação de uma caminhonete furtada em 2015. O veículo teve as placas adulteradas para poder rodar sem ser detectado. A família dele é conhecida no bairro Selmi Dei, periferia da cidade. A prisão chegou a causar surpresa, pois ninguém imaginava que aquele rapaz poderia estar envolvido em "algo grande". A mulher dele, Suelen Priscila de Oliveira, de 25 anos, também presa, não tinha passagens pela polícia.

Gustavo e Delgatti tinham relacionamento de amizade. Em 2015, os dois foram detidos em no parque temático Beto Carrero World, em Santa Catarina, e em um dos carros foram encontradas munições e uma carteira falsa da Polícia Civil, que teria sido comprada em um camelô, em São Paulo. Gustavo e a mulher dele, Suelen, que também estava na viagem, foram ouvidos como testemunhas e Delgatti Neto ganhou mais um processo.

Danilo Cristiano Marques, morador do Jardim Paineiras, em Araraquara, que também foi preso, é apontado como um amigo antigo de Delgatti Neto. Ele foi testemunha de defesa do 'Vermelho' em dois processos criminais.

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