Os desmoronamentos e tombamentos de rochas, em pequenos ou grandes blocos, são comuns nos cânions de todo o mundo. É o processo natural de evolução desses paredões rochosos. Só por esse fato já teria sido indicado a delimitação de uma faixa de risco que impedisse a aproximação de pessoas das bases desses paredões.
Mas no caso de Capitólio há fatos agravantes:
1 - a rocha tem acamamentos e fraturamentos naturais que facilitam esses desmoronamentos;
2 - com a formação do lago de Furnas a parte baixa dos paredões rochosos que fica em contato com a água passou a sofrer os efeitos da saturação pela água e do constante embate de ondas, fatores que potencializam a possibilidade de desmoronamentos.
Os dois fatores sugerem que a gestão das atividades de turismo da região deveria já de há muito ter adotado preventivamente a delimitação de uma faixa de risco, definida a partir do pé do paredão em contato com a água, além da qual os barcos e eventuais nadadores não deveriam ultrapassar. E também definir os canais estreitos dos cânions que não pudessem ser navegados, dado o fato de que nesses canais as embarcações ficam muito próximas dos paredões.
Que a dura e trágica lição obrigue agora essa providência.
*Álvaro Rodrigues dos Santos, geólogo. Ex-diretor de Planejamento e Gestão do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Autor dos livros Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática, A Grande Barreira da Serra do Mar, Diálogos Geológicos, Cubatão, Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções, Manual Básico para elaboração e uso da Carta Geotécnica, Cidades e Geologia. Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente