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Sob sigilo, Corregedoria arquivou procedimento contra promotora do caso Marielle que fez campanha para Bolsonaro

Carmen Eliza Carvalho deixou as investigações sobre o assassinato da vereadora após revelação de imagens e publicações de apoio ao presidente nas eleições de 2018

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

A Corregedoria-Geral do Ministério Público do Rio de Janeiro arquivou procedimento que apurava suposta conduta político-partidária da promotora Carmen Eliza Carvalho, que teria feito campanha para o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. O caso correu sob sigilo.

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Carmen atuou nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco até novembro do ano passado, quando se afastou após imagens dela vestindo uma camiseta de apoio a Bolsonaro ser divulgada nas redes sociais. Dias antes, Cármen havia participado de uma coletiva de imprensa na qual o Ministério Público afirmou que o porteiro do condomínio Vivendas da Barra mentiu ao relacionar Bolsonaro a Elcio Vieira de Queiroz, um dos réus presos por envolvimento no crime.

A atuação de promotores em campanhas e ações políticas é vedada pela Lei Orgânica do Ministério Público. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) classifica desde 2016 que a conduta político-partidária não é limitada à filiação em um partido, mas também a participação de integrante da Promotoria 'em situações que possam ensejar claramente a demonstração de apoio público a candidato ou que deixe evidenciado, mesmo que de maneira informal, a vinculação a determinado partido político'.

A conclusão do procedimento contra a promotora Carmen Eliza Carvalho ocorreu em janeiro, mas a íntegra da decisão não foi divulgada pelo Ministério Público do Rio. Em nota, a Promotoria alega que o caso está sob sigilo 'em razão da garantia constitucional de proteção da imagem e intimidade'.

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A promotora Carnem Eliza Bastos de Carvalho, em foto de 2018 Foto: Instagram / Reprodução

Além de uma foto com imagem do presidente Bolsonaro, Carmen Eliza Carvalho também postou uma foto acompanhada do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL), que ficou conhecido por quebrar uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco durante as eleições de 2018.

A promotora também comemorou o resultado do pleito afirmando que o Brasil se livrou de um 'cativeiro esquerdopata'. "Patriotismo. Assim que se constrói uma NAÇÃO! União em prol do Brasil! Família, moral, honestidade, vitória do bem!", escreveu em suas redes sociais. No dia da posse de Bolsonaro, Cármen Eliza Carvalho afirmou que 'há anos' não se sentia tão emocionada com o evento.

Após a repercussão das publicações, Carmen se afastou do caso Marielle Franco. Em carta enviada à imprensa, afirmou que deixava as investigações 'em respeito aos pais da vítima', para que não sofressem com 'intranquilidade motivada pela condução da ação penal'. No documento, ela negou que tenha atuado de forma parcial na condução do caso.

"Durante toda a minha vida funcional, que exerço há 25 anos no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, jamais atuei sob qualquer influência política ou ideológica. Toda a minha atuação é pública e, portanto, o que afirmo pode ser constatado", escreveu.

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A saída ocorreu na esteira do caso envolvendo um porteiro do condomínio Vivendas da Barra que teria dito aos investigadores que Elcio Queiroz, suspeito de matar Marielle, deu entrada no conjunto residencial na noite do crime com o aval do 'Seu Jair', da casa 58 - mesmo número da residência do presidente Jair Bolsonaro. As informações foram reveladas pelo Jornal Nacional.

A Polícia Federal, a pedido do então ministro Sérgio Moro, abriu inquérito para apurar as alegações. Perante aos investigadores, o porteiro recuou e disse que havia se enganado. Em outra frente, a Polícia Civil do Rio concluiu em fevereiro deste ano que o porteiro que liberou a entrada de Elcio Queiroz no condomínio não é o funcionário que mencionou o presidente Bolsonaro nas investigações.

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