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Só a união salvará a ciência da América Latina

Por Helena Nader
Atualização:
Helena Nader. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A América Latina e Caribe foram por meses o epicentro da epidemia da COVID-19, chegando a concentrar quase 25% de todas as mortes do mundo pela doença, em junho de 2021. O negacionismo crescente, a perseguição a cientistas em países como o Brasil, Nicarágua, Venezuela e México, entre outros, e a falta de investimento em ciência estão na raiz dos problemas que colocaram a região na liderança desse ranking. Por isso é tão urgente que a ciência latino-americana dialogue mais e, principalmente, que o faça entre si, e não mais apenas com atores de outras regiões.

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O mundo inteiro caminha hoje para a colaboração entre países em diversas áreas. Na nossa região, no entanto, sempre predominou a ideia de que esse tipo de troca se dava apenas no âmbito Sul-Norte. Quando começamos a perceber que podemos também colaborar no eixo Sul-Sul, vimos como isso poderia mudar o panorama latino-americano e estreitar as relações entre os países da região.

Para incentivar essa troca, a Academia Brasileira de Ciências firmou uma parceria com a Fundação Nobel que reunirá cinco ganhadores do Prêmio Nobel e 80 estudantes de graduação e pós-graduação de 24 países da América Latina e do Caribe, entre eles 16 brasileiros. Em 16 de novembro, eles se reunirão em salas virtuais para debater ideias e estratégias para o fortalecimento da ciência na região, que vive uma das suas piores crises de financiamento das últimas décadas.

Isso acontece na contramão do resto do mundo. A China fez há pouco o maior investimento em ciência e tecnologia dos últimos 15 anos. Os Estados Unidos já aprovaram mais de R$ 6 trilhões para a mesma área desde o início da pandemia. Fazem isso porque sabem que o investimento em ciência volta para a sociedade. É lógico.

Juntos, os jovens estudantes latino-americanos vão debater assuntos que incluem as responsabilidades do cientista, o poder da colaboração, estratégias para construir pontes com os formuladores de políticas e a sociedade em geral, e as implicações sociais mais amplas de todos esses temas. O debate poderá trazer estratégias comuns para combater grandes desafios nos quais a América Latina está mergulhada - de mudanças climáticas já estabelecidas à instabilidade política, passando pelas muitas desigualdades e os efeitos da pandemia.

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Nossa região está despertando para a ideia de que apenas unida, como faz a União Europeia, poderemos mudar esse cenário. A ciência salva e constrói uma nação. E a união fortalece a todas elas.

*Helena Nader, biomédica. Vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

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