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Silvinho do PT diz à PF que recebeu de empreiteiras por 'venda de pacotes de cestas'

Ex-secretário petista preso pela Lava Jato nega envolvimento em repasse de R$ 6 milhões a empresário do ABC

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Por Ricardo Brandt e Julia Affonso
Atualização:

Silvio Pereira Chega a Curitiba. Foto: Rodrigo Felix Leal/Futura Press

O ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira afirmou à Polícia Federal que o dinheiro recebido por ele, sob alvo das investigações da Operação Lava Jato, foi por serviços prestados à campanhas eleitorais, como contratação de motoristas, e por 'venda de pacotes de cesta'. Silvinho do PT, preso na Carbono 14, fase 27 da Lava Jato, com o empresário Ronan Maria Pinto, terão suas custódias vistas hoje. O juiz federal Sérgio Moro decide nesta terça-feira, 5, se prorroga as prisões ou solta os investigados.

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"Vendeu um pacote promocional de cestas para a OAS presentear seus clientes e funcionários; que recebeu por esse pacote de cesta em torno de R$ 80 mil; que essas cestas foram fornecidas também para a UTC; que não sabe dos serviços para a Construtora OAS nos anos de 2009 a 2011, os quais atingiram o montante de R$ 486.160,00", afirmou. "Prestou para a UTC Engenharia declarados no ano de 2011, os quais atingiram o montante de R$ 35.722,29, provavelmente serviços de fornecimento de cestas de natal como para a OAS."

Silvio Pereira disse à PF que é cozinheiro e trabalha com essa atividade desde 2005. Afirmou que trabalha no restaurante Tia Lela.

Relatório do Ministério Público Federal na Operação Carbono 14 aponta que o ex-secretário do PT recebeu R$ 508.682 das empreiteiras OAS e UTC Engenharia entre 2009 e 2011. O dinheiro foi repassado a uma das empresas de Silvio Pereira, a DNP Eventos.

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"Assim, a sua principal tese defensiva seria de que a empresa DNP prestava serviços lícitos, em que pese o fornecimento das supostas cestas destoasse do objeto das empresas de Silvio Pereira. Contudo, recentemente, ao tomar conhecimento da menção do seu nome na Operação Lava Jato pelo colaborador Fernando Moura, decidiu encerrar as atividades da empresa DNP dizendo que "ela não faz mais sentido", antevendo já uma possível decretação de prisão afirmando que "vamos aproveitar enquanto eu posso me locomover"", informa relatório da força-tarefa da Lava Jato, que pediu a conversão das prisões temporárias de Ronan Maria Pinto e de Silvio Pereira para custódias preventivas.

O alvo da Operação Carbono 14 foi ouvido nesta segunda-feira, 4, em Curitiba, onde está preso desde sexta-feira.

Sobre os recebimentos da OAS, segundo a Procuradoria, Silvio Pereira afirma se tratar da venda de cestas de natal. A força-tarefa encontrou, após quebra de sigilo, e-mail no qual José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ligado à OAS envia uma "proposta" para Silvio Pereira.

"Ao ser confrontado com tal e-mail, Silvio Pereira apresentou uma versão evasiva, afirmando que a "proposta" na realidade tratava-se de uma sugestão de um potencial negócio", afirma petição dos procuradores.

 Foto: Estadão

Silvinho, como é conhecido o ex-secretário do PT, não reconheceu parte dos pagamentos identificados pela Lava Jato, afirmou a defesa, e refutou o suposto repasse de uma "mesada" recebida do esquema de corrupção na Petrobrás.

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"O dinheiro que ele recebeu de duas empreiteiras foi de pouca monta", afirmou o criminalista Luis Alexandre Rassi, defensor de Pereira, após seu depoimento.

Silvio Pereira também negou participação na negociação de repasse de R$ 6 milhões a Ronan Maria Pinto, em 2004. Empresário do setor de transporte público em Santo André,  o alvo da Carbono 14 teria recebido dinheiro desviado da Petrobrás pelo PT.

O dinheiro foi retirado via empréstimo fraudulento feito pelo pecuarista  José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, no Banco Schahin - um total de R$ 12 milhões.

Depois, metade do montante repassado para Ronan por meio de operação de lavagem de dinheiro,  segundo o procurador da República Diogo Castor de Matos, da força-tarefa da Lava Jato.

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