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Silval diz ter sido orientado por Blairo a 'comprar apoio político'

Em delação premiada, ex-governador de Mato Grosso confessou ter resolvido 'pendências' para o atual ministro da Agricultura

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Fabio Serapião , Rafael Moraes Moura , Beatriz Bulla e Luiz Vassallo
Atualização:

Blairo Maggi. Foto: REUTERS/Adriano Machado

O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), afirmou que, quando se tornou vice-governador, na gestão de Blairo Maggi (PP), resolveu 'pendências', como a 'compra de apoio político' e a quitação de dívida com um empresário por meio de desvios de precatórios.

+ Silval diz que herdou de Blairo propinas de 40% em precatórios de empresa+ Blairo pagou R$ 4 mi por apoio do PMDB a apadrinhado político, diz delator

 

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As revelações do ex-governador foram classificadas de 'monstruosa delação' pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, que na sexta-feira, 25, autorizou abertura de inquérito contra um grupo de políticos de Mato Grosso, entre eles Blairo Maggi, a quem a Procuradoria atribui o papel de 'liderança' de organização criminosa que se instalou na administração pública estadual.

Entre os elementos de corroboração do acordo, estão vídeos cedidos à Procuradoria-Geral da República mostrando a entrega de dinheiro vivo em uma sala no Palácio Paiaguás, sede do Governo de Mato Grosso.

Deputados e o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), encheram os bolsos, mochilas e maletas de propina. Silval vai devolver R$ 70 milhões aos cofres públicos.

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Ao Ministério Público Federal, Silval revelou 'que na condição de vice-governador, resolveu várias pendências do ex-governador Blairo Maggi, como por exemplo - e principalmente - a compra de apoio político para reverter situações que o incomodavam e que não sabia como resolver'.

Umadas dívidas que o 'grupo político' supostamente mencionado por Maggi tinha era com o empresário Waldir Piran.

Segundo o delator, Maggi o aconselhou a quitar a dívida por meio do pagamento de precatórios à empreiteira Andrade Gutierrez.

De acordo com Silval, o passivo deixado por Blairo era tão grande que 'por conta dessas dívidas é que houve a continuidade de pagamento de vários precatórios, como Encomind, Andrade Gutierrez, concessão de incentivos direcionados a obtenção de 'retomo' e créditos outorgados a diversas empresas e segmentos específicos (ex: frigoríficos, setor sucroalcooleiro, biodiesel, setor atacadistas, transportadoras), e outras situações cujos "retornos" eram primordialmente para os pagamentos das citadas dívidas; que esses formaram, por assim dizer, o primeiro bloco de ilícitos ocorridos em seu governo em troca do compromisso com a governabilidade e a manutenção do grupo politico'.

COM A PALAVRA, BLAIRO

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NOTA À IMPRENSA

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Deixo claro, desde já, que causa estranheza e indignação que acordos de colaboração unilaterais coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão, cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos:

1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja "mudanças de versões" em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade. Qualquer afirmação contrária a isso é mentirosa, leviana e criminosa.

2. Também não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato. Por não ter ocorrido isto, Silva Barbosa mentiu ao afirmar que fiz tais pagamentos em dinheiro ao Eder Moraes.

3. Repudio ainda a afirmação de que comandei ou organizei esquemas criminosos em Mato Grosso. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas.

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4. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.

5. Por fim, entendo ser lamentável os ataques à minha reputação, mas recebo com tranquilidade a notícia da abertura de inquérito, pois será o momento oportuno para apresentação de defesa e, assim, restabelecer a verdade, pois definitivamente acredito na Justiça.

Blairo Maggi

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