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Secretária teve coragem de quebrar silêncio que impera na Odebrecht, diz delegado da Omertà

Filipe Hille Pace, que afirma não ser imprescindível o depoimento do empreiteiro Marcelo Odebrecht, enalteceu destemor de Maria Lúcia Tavares, até aqui única delatora do setor de propinas do grupo

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Atualização:

Maria Lúcia Tavares foi presa na 23ª fase da Lava Jato. Foto: Geraldo Bubniak/AGB - 16/05/2014

O delegado Filipe Hille Pace, da Polícia Federal, destacou nesta segunda-feira, 26, a 'coragem' da ex-secretária do alto escalão da Odebrecht Maria Lúcia Tavares, em delatar o setor secreto de propina da empreiteira.

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As relações do grupo com o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) são alvo da Operação Omertà, 35ª fase da Lava Jato deflagrada nesta segunda-feira, 26 - Palocci foi preso em São Paulo e transferido para Curitiba, base da Lava Jato.

Única delatora da Odebrecht até aqui, Maria Lúcia relatou aos investigadores o passo a passo da rotina das propinas pagas pela empreiteira.

Presa em fevereiro na Operação Acarajé, fase da Lava Jato, Maria Lúcia fez acordo de cooperação com a força-tarefa do Ministério Público Federal em troca de sua liberdade e de um possível perdão judicial.

"A colaboradora Maria Lúcia Tavares foi a única até o momento a ter coragem de quebrar o silêncio que impera na Odebrecht. A colaboração dessa pessoa foi muito importante não só pelo fato de ela descortinar e demonstrar para a gente o modo de atuação do Setor de Operações Estruturadas", declarou o delegado.

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Segundo o delegado, o 'conhecimento' de Maria Lúcia permitiu que a Lava Jato analisasse novamente o material apreendido na Operação Erga Omnes, 14ª fase da operação que prendeu preventivamente Marcelo Odebrecht, em 19 de junho de 2015.

"Ela sabia apenas o codinome de 'Feira', referência ao casal João Santana e sua esposa", afirma o delegado, em referência ao casal de marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014).

Segundo o delegado, a secretária fez revelações importantes sobre a verdadeira identidade de 'italiano', que agora a PF afirma se tratar de Palocci.

"(Maria Lúcia) Nos trouxe os elementos necessários para hoje podermos afirmar sem sombra de dúvida que quando a Odebrecht se referia a 'Italiano', ela se referia a Antonio Palocci Filho."

Omertà aponta que o pagamento de propina a Palocci era consolidado em uma planilha - denominada 'Posição Programa Especial Italiano'.

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O termo 'italiano' seria o codinome para se referir ao ex-ministro.

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