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Schahin afirma que Jorge Zelada exigiu US$ 5 mi em propina

Sócio do Grupo Schahin, em depoimento à Justiça Federal, relata encontro em um bar no Centro do Rio com então diretor de Internacional da Petrobrás

Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:

Milton Schahin. Foto: Reprodução

O empresário Milton Schahin afirmou nesta quarta-feira, 20, em depoimento à Justiça Federal no Paraná, que o ex-diretor de área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada - preso na Operação Lava Jato - exigiu propina de US$ 5 milhões para ajudar na rolagem de uma dívida de leasing do Grupo Schahin com a estatal na operação do navio sonda Vitória 10.000.

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Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o empresário afirmou que Zelada e ele se encontraram em um bar no Centro do Rio, perto da sede da Petrobrás. "Ele disse assim 'eu preciso que você entenda que estou trabalhando pelo seu projeto, sempre trabalhei pelo seu projeto e e nunca recebi nada. Quero dizer o seguinte, eu quero 5 milhões de dólares para seguir em frente com o assunto'.", relatou Milton Schahin.

Schahin afirma que não pagou a propina.

A PRIMEIRA PARTE DO DEPOIMENTO DE MILTON SCHAHIN:

Ele depôs como testemunha na ação criminal contra o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula que em outubro de 2004 tomou empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin - o dinheiro, segundo Bumlai, foi destinado ao PT para cobrir despesas da campanha presidencial de 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez.

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O Ministério Público Federal afirma que em troca do empréstimo de R$ 12 milhões, o Grupo Schahin conseguiu o contrato de operação do navio sonda Vitória 10.000 no valor de US$ 1,6 bilhão, em 2009.

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O empresário contou na audiência que havia procurado Zelada para pedir 'voto de confiança' porque o Grupo estava devendo parcelas do contrato de leasing com a estatal petrolífera. Ele afirma que não pediu 'nada ilícito' ao diretor de Internacional. Depois de ouvir a exigência de Zelada, o empresário disse, segundo seu próprio depoimento. "Ponderei a ele (Zelada) que a nossa dificuldade era muito grande, estávamos passando por uma crise de liquidez. Cinco milhões de dólares dava prá gente pagar mais uma prestação daquilo que a gente estava devendo."

Schahin disse que Zelada insistiu. "Ele disse 'eu espero isso, eu quero 5 milhões de dólares para seguir em frente com esse assunto'. Eu o tinha procurado porque não estávamos conseguindo pagar. Daí eu pedi uma audiência para o Zelada. Ele disse 'vou ver, preciso consultar'. Conversamos mais um pouco e, na hora que eu estava saindo, ele me convidou para tomamos um aperitivo em um bar no Centro do Rio, perto da Petrobrás. Quando cheguei ele estava no mezanino fumando charuto. Ele me pediu que entendesse que estava trabalhando pelo projeto."

A SEGUNDA PARTE DO DEPOIMENTO DE MILTON SCHAHIN:

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Schahin relatou ainda que o lobista e operador de propinas Jorge Luz também o procurou e 'pediu valor muito alto, US$ 2,5 milhões' que teriam sido repassados ao ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró (antecessor de Zelada), ao executivo da estatal Luís Carlos Moreira, ao lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e ao então gerente geral da Petrobrás Eduardo Musa.

"Houve uma negociação, eu concordei em pagar 2 milhões e meio de dólares parceladamente para essas pessoas."

Os pagamentos foram divididos em cerca de dez parcelas, segundo Schahin. Ele disse que não chegou a pagar integralmente o montante acertado, repassando pouco mais de 2 milhões de dólares. Os repasses foram efetuados por meio de duas empresas, que ele identificou como Pentagran e Debase - o empresário entregou ao juiz Moro documentos que, segundo ele, comprovam a propina.

O dinheiro foi pago no exterior. O Grupo Schahin usou uma offshore que mantém no exterior para efetuar os pagamentos.

Milton Schahin revelou, ainda, que durante um jantar em um banco, o pecuarista José Carlos Bumlai abordou seu filho, Fernando Schahin, fazendo uma referência ao então presidente Lula. O pecuarista teria dito. "Olha, tenho contato com a sua empresa, como está andando o projeto? Fala para o seu pai e para o seu tio (Salim Schahin, irmão de Milton) que o presidente está abençoando esse projeto."COM A PALAVRA, A DEFESA DE JORGE ZELADA:

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O criminalista Alexandre Lopes de Oliveira, que defende o ex-diretor, disse que a delação premiada "virou uma moeda de troca". "A delação virou uma moeda de troca, eles falam o que o Ministério Público  e o que o juiz querem ouvir. É a banalização total da delação, e nem sempre os fatos apontados são verdadeiros"

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