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Saques do FGTS: o melhor caminho é o planejamento

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Por Reinaldo Domingos
Atualização:
Reinaldo Domingos. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O debate em torno da liberação do saque das contas ativas e inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ainda tem gerado muitas dúvidas em relação ao melhor uso desse dinheiro. Os saques começam a partir de setembro deste ano e vão até março de 2020, portanto ainda há tempo de analisar as possibilidades.

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Primeiro é preciso diferenciar saque emergencial de saque-aniversário. Em um primeiro momento, o saque que será possibilitado é o emergencial, no qual toda pessoa que possua FGTS poderá sacar até R$ 500, dependendo que quanto possuir de saldo. A partir de abril do próximo ano, a pessoa poderá optar pelo saque-aniversário, nesse a pessoa poderá optar por receber anualmente no mês do aniversário e nos dois meses subsequentes valores proporcionais aos quanto possui no fundo. Caso opte por essa modalidade, o contribuinte poderá utilizar ainda o FGTS em ocasiões específicas, como para aquisição de imóvel, em caso de doença ou aposentadoria. Contudo, em caso de demissão sem justa causa, terá direito apenas a multa de 40% sobre o FGTS, só podendo retomar ao modelo atual após dois anos.

É necessário frisar que o FGTS se trata de uma reserva e mesmo com a determinação de um limite de saque de R$ 500 por conta, não deixa de ser importante, afinal sempre digo que dinheiro não aceita desaforo. Além disso, um trabalhador que tenha duas contas inativas e uma ativa, por exemplo, poderia sacar R$ 1.500, uma quantia considerável para muitas pessoas.

A primeira e principal orientação é tirar esse dinheiro imediatamente da conta corrente, isso porque sabemos que ficamos muito mais suscetíveis a gastar quando temos dinheiro à nossa disposição. Porém, no caso de quem está utilizando o cheque especial, o melhor a se fazer é sanar esse débito, já que os juros são um dos maiores do mercado.

Portanto, antes de tomar a decisão de sacar o FGTS ou não, é preciso conhecer qual é a sua situação financeira atual: em situação de inadimplência, equilibrado ou investidor.

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Caso se encaixe no primeiro grupo, que já conta com mais de 60 milhões de brasileiros, não se desespere. Muitos me questionam quando digo que "nome sujo pode ser a solução", mas é verdade. Nesse caso é preciso analisar dois cenários: caso o valor resgatado seja suficiente para quitar a dívida atrasada em sua totalidade, não tenha dúvidas em utilizar esse dinheiro. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o teto do saque é equivalente ao valor de dívidas de 37,34% dos inadimplentes.

Por outro lado, caso a quantia não seja suficiente, o mais indicado é direcionar esse valor para outros investimentos e tentar uma renegociação futura, já que os juros do FGTS atualmente ainda são os mais baixos, rendendo apenas 3% ao ano.

Ainda para quem está nessa situação preocupante, o principal a ser feito é se educar financeiramente, ou seja, mudar seus hábitos e comportamentos em relação ao dinheiro definitivamente e fazer com que a inadimplência fique no passado. Para isso, analise com franqueza a própria situação e levante todos os números para saber qual caminho seguir.

É preciso coragem e determinação para encarar o problema de frente e a partir disso traçar um planejamento financeiro com esse levantamento em mãos e renegociar a dívida com parcelas que caibam no seu orçamento mensal atual.

Já para aqueles que estão em uma situação financeira equilibrada ou investidora é preciso estabelecer objetivos para o uso dessa renda, pois a ausência de metas pode originar compras supérfluas, que agregam pouco ou quase nada em nossas vidas. O melhor caminho é estabelecer sonhos de curto (a ser realizado em até um ano), médio (entre um e dez anos) e longo prazo (a partir de dez anos).

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Por fim, independentemente de onde se encontre, tenha em mente que a educação financeira traz essa resposta, com planejamento para criarmos maior consciência quando se trata das nossas finanças, contribuindo assim para uma geração mais sustentável financeiramente e que não seja refém de verbas extraordinárias.

*Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e especialista em educação financeira

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