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Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Sabe com quem você não está falando?

Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Você já se perguntou por que algumas regiões são mais inovadoras, competitivas e desenvolvidas do que outras? Chama a atenção, no final das contas, como o sucesso tem relação direta com a auto-estima histórica de um povo.

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O Brasil é uma sociedade de pessoas com baixa capacidade de reflexão. Uma sociedade aristocrata e elitista, mas principalmente uma sociedade hierarquizada. A rigidez das estruturas sociais não permite uma forma de diálogo horizontal, e a verticalidade acentua um discurso no qual você precisa saber com quem está falando.

A diversidade em qualquer região é bem-vinda justamente pela capacidade de gerar vários ângulos de análise. E se conseguimos somar a ela o grau de autonomia para a tomada de decisões, temos chances reais de transformar um passado de baixa auto-estima em uma cultura de acreditar nas ideias. E fazê-las dar certo.

Tomemos como exemplo o Estado de Israel. Ele teria tudo para ser uma terra de baixíssima auto-estima. Uma pequena região cercada de inimigos que vai sendo formada por imigrantes sofridos, muitos dos quais perderam família e amigos e foram direcionados para uma terra onde não havia sequer água.

Mas um dos países mais militarizados do mundo também é paradoxalmente uma região de reduzida hierarquia, e portanto a conversa é tão horizontal quanto a ciência da responsabilidade de cada um em fazer um país inteiro dar certo. Não surpreende portanto que a diversidade de opiniões e culturas forme riqueza por todo o ecossistema, e a liberdade para realmente qualquer pessoa ter Chutzpah (ousadia, em íidiche) e arriscar permite que sejam criadas inovações e marcas como o Waze, a Wix, a HP, a Mobileye, o Kindle e até o tomate cereja.

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Estamos vivendo um momento em que a autonomia se constitui na virada de chave para que mais pessoas sejam preparadas para construir um modelo empresarial diferente, com entrega e reciprocidade e propósito, e oportunidades para que novas ideias partam de locais onde a vida não é uma espreguiçadeira na beira da praia.

Mas sabe com quem não estamos falando? Com o jovem que vende paçoquinha, com a senhora que faz sorvete, com a garota que replanta mudas, com a cooperativa das costureiras de máscaras, com a turma que socorre pessoas de moto e com qualquer outro potencial empreendedor que, se puder ter um pouco mais de incentivo, pode criar a nova disrupção que vai fazer com que todos nós tenhamos uma vida definitivamente melhor.

*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe

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