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Rua do Carmo, 6, Rio, endereço do comitê de Paulo Melo 'Pinguim' e de entrega da propina

Em depoimento à Polícia Federal, deputado Paulo Melo, do PMDB, preso nesta terça-feira, 21, confirmou que teve escritório no local que está sob suspeita da Operação Cadeia Velha

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Por Julia Affonso
Atualização:

Paulo Melo preso pela 1.ª vez em 2017, pela Lava Jata: dia 14, voltou para a cadeia. Foto: Wilton Júnior/Estadão

O deputado estadual Paulo Melo (PMDB-RJ) confirmou à Polícia Federal que teve um escritório no mesmo endereço, no centro do Rio, no qual a Operação Cadeia Velha - desdobramento da Lava Jato - afirma ter havido entrega de propina. No mesmo local, segundo o Ministério Público Federal, no Rio, funcionou o comitê eleitoral do peemedebista em 2014.

Paulo Melo está preso. O deputado voltou à cadeia nesta terça-feira, 21.

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A Cadeia Velha atribui a Paulo Melo o codinome 'Pinguim' e uma propina de R$ 54,3 milhões, entre 31 de agosto de 2010 e 28 de maio de 2015. Os repasses teriam sido feitos via operador Álvaro Novis - delator da Lava Jato.

"No caso de Paulo Melo, 95% das entregas eram feitas na Rua do Carmo, nº 06, sala 1107, Centro, para Andréa ou para o irmão dela, Fábio. Local em que funcionou o comitê eleitoral (2014) de Paulo Melo", afirma a Procuradoria.

Em documento ao desembargador Abel Gomes, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2), o Ministério Público Federal destacou que, durante a investigação, houve referência a uma sala de número 1105.

 Foto: Estadão

O número 'sugere erro material, já que o endereço correto é rua do Carmo, 06/ sala 1107', afirma a Procuradoria.

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A sala 1105 foi citada em questionamento da Polícia Federal a Paulo Melo, em 14 de novembro, quando o deputado prestou depoimento.

"O senhor possui escritório na Rua do Carmo, nº 06, sala 1105, Centro, RJ?", perguntou a PF.

O peemedebista declarou que 'possuiu escritório nesse endereço, salvo engano, até o final do ano passado ou início deste ano'.

O deputado declarou à PF não ter 'qualquer relação pessoal com Álvaro Novis' e afirmou ter estado com o ele 'duas ou três vezes em eventos sociais'.

Melo afirmou que 'nunca tratou de negócios ou interesses com Álvaro Novis' e que 'nunca recebeu doação ou outro pagamento, como doação de campanha, através do doleiro'.

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"Afirma que nunca recebeu qualquer recurso para campanha ou outros fins vinda da Odebrecht através de doleiros", narrou.

A PF perguntou ao deputado do PMDB se ele teve um 'escritório na Av. Nilo Peçanha, nº 50, sala 818, Centro, RJ'. O Ministério Público Federal afirma que também houve entrega de dinheiro no local.

"Já possuiu há mais de dez anos, sendo que esta sala foi declarada em seu imposto de renda quando da aquisição, há mais de vinte anos, e também da venda", afirmou.

Durante o depoimento, a PF perguntou ao deputado se ele conhecia o ex-diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio Leandro Azevedo, também delator da Lava Jato. Paulo Melo disse que conhecia, mas não tinha 'relacionamento pessoal com tal pessoa'.

"Já se encontrou uma vez com Leandro Azevedo, há uns 8 ou 9 anos, no café do Copacabana Palace, para tratar de assuntos diversos, não recordando de um assunto especifico; que esclarece que por ter sido Presidente de Comissões importantes na Assembleia Legislativa, assim como líder de governo, era comum receber diversas pessoas, de diferentes segmentos da sociedade, para conversar sobre assuntos diversos relacionados às demandas do Estado", afirmou.

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O deputado relatou ter se encontrado com Leandro Azevedo 'em certa ocasião no Palácio do Guanabara, quando este aguardava para ser atendido pelo ex-governador Sérgio Cabral'.

"O assunto tratado com Leandro era genérico, não recordando de nada especifico; que esclarece que encontrou casualmente com Leandro por outras vezes, não recordando das ocasiões e de assuntos tratados, mas que foram nos governos de Garotinho, Rosinha, Cabral e Pezão; que no linguajar parlamentar seria 'jogar conversa fora'", contou.

Empresários do setor de Transportes do Rio também foram alvo dos questionamentos da PF a Paulo Melo. O delegado Samuel de Oliveira Gonçalves perguntou ao deputado sobre a relação dele com José Carlos Lavouras, Jacob Barata Filho e Lelis Teixeira - alvos da Lava Jato do Rio.

"Conhece José Carlos Lavouras, sem ter com o mesmo qualquer relação pessoal; que durante 28 anos, como deputado, manteve 3 ou 4 encontros com José Carlos Lavouras; que os encontros, alguns foram na Assembleia Legislativa, outro na sede da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes do Rio), um no Palacio Guanabara", afirmou.

Segundo Paulo Melo, 'os assuntos tratados ocorreram há vinte anos, no Governo de Marcelo Alencar, e estavam relacionados com temas de transportes que eram discutidos em projetos de lei da Assembleia Legislativa, dos quais o declarante era relator'.

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"Um dos projetos era acabar com as concessões de exploração de transporte público estadual, a título precário, dando prazo para novas licitações, com contrapartida de remuneração para o Estado do Rio de Janeiro", declarou.

O deputado disse que 'nunca teve qualquer amizade ou relacionamento com Jacob Barata Filho' e que 'também nunca se reuniu ou esteve com tal pessoa'.

"Nunca teve amizade ou relacionamento com Lelis Teixeira; que esclarece que em 28 anos se falou 4 vezes com tal pessoa foi muito; que Lelis Teixeira era o interlocutor da Fetranspor junto às instituições; que nunca tratou de negócio ou interesses com Lelis Teixeira", afirmou.

Vai e volta. As declarações de Paulo Melo foram prestadas em 14 de novembro, dia em que foi deflagrada a Cadeia Velha. Na ocasião, o parlamentar foi levado pela PF para prestar depoimento.

Na quinta-feira, 16, o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) decretou a prisão de Melo e de outros dois parlamentares do PMDB, Jorge Picciani, presidente da Casa, e Edson Albertassi. Na sexta, 20, por 39 votos a 19, a Assembleia Legislativa do Rio derrubou a ordem do Tribunal e pôs o trio na rua.

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Nesta terça, 21, o TRF2 convocou sessão extraordinária para discutir a decisão da Assembleia e mandou prender de novo os deputados.

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