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Riscos cardiovasculares, abalo na imunidade e danos cerebrais: as consequências da apneia obstrutiva do sono

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Por Alexandre Annibale
Atualização:
Alexandre Annibale. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Desde a infância, todo mundo aprende que dormir bem é extremamente importante para começar o dia seguinte com mais disposição. O sono, porém, vai muito além disso: é um fator de saúde, afinal, o sono possibilita uma produção hormonal equilibrada ao corpo, fortalece o sistema imunológico, repara danos inflamatórios, além de manter a capacidade cerebral em dia, como a atenção e a memória.

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O sono saudável, entretanto, não é realidade para todas as pessoas. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), 65% dos brasileiros têm baixa qualidade de sono. A questão é amplamente estudada pela ciência e já foram catalogados mais de setenta distúrbios relacionados ao sono.

Um dos problemas mais comuns e mais conhecidos, por exemplo, é a apneia obstrutiva, condição caracterizada pelo bloqueio da passagem de ar por, no mínimo, dez segundos durante o sono e manifestada pelo ronco. De acordo com especialistas internacionais, o problema atinge quase um bilhão de pessoas em todo o mundo, e o distúrbio muitas vezes não é percebido pela própria pessoa portadora. Além do ronco alto, outros sintomas característicos da apneia são a sonolência excessiva durante o dia, dor de cabeça matinal, sensação de fadiga mesmo após uma noite inteira de sono, perda de memória e libido, além da perda de atenção e pouca produtividade nas tarefas cotidianas. Além de ser mais comum em homens até certa idade, outros fatores de risco para a SAOS -- como o distúrbio também é conhecido -- são a obesidade, o envelhecimento e características anatômicas, no crânio e face.

Não bastassem as consequências ruins da apneia na hora de dormir, como o ronco, o distúrbio também é responsável por outros males de saúde, como o aumento de riscos cardiovasculares, o abalo na imunidade e danos cerebrais. Problemas cardíacos podem surgir devido à ativação exagerada do sistema nervoso autônomo, responsável por controlar o fluxo sanguíneo, o que perpetua o risco cardiovascular em caso de apneia. Além disso, há evidência científica de que a obstrução de ar atrapalha a eficácia dos remédios anti-hipertensivos. A imunidade do corpo também não passa incólume à SAOS, afinal, a privação do sono causa uma espécie de alerta ao sistema imunológico. Especialistas afirmam que, a depender da criticidade do problema, o organismo pode adoecer com maior facilidade -- é importante relembrar, o sono tem como uma de suas principais funções a reparação de danos inflamatórios. O dano cerebral, por sua vez, pode acontecer em razão da privação de oxigênio ao órgão, principal característica da apneia. Se o problema não for tratado de modo devido, como consequências o paciente terá danos à memória, desenvolverá dificuldades cognitivas e terá um risco maior de doenças como a depressão.

O tratamento da SAOS costuma incluir diferentes métodos, a começar por mudanças no estilo de vida, caso da perda de peso, abandono do fumo e de bebidas alcoólicas, além de alterações na rotina e higiene do sono. Especialistas também podem recomendar, a depender de cada diagnóstico, outros recursos para lidar com o problema. Para citar alguns, a apneia pode ser tratada por meio da utilização de um dispositivo de assistência à respiração durante o sono, caso do CPAP, mediante a utilização de aparelho intraoral de avanço mandibular, cirurgia ortognática, terapia posicional, além de auxílio de fonoaudiologia.

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*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia e capacitado em odontologia do sono

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