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Ciro Nogueira se encontra com Fux para amenizar crise entre os Poderes

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, teve uma reunião nesta quarta-feira, 18, com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas-PI), numa nova tentativa de amenizar a crise entre os Poderes. O encontro durou aproximadamente 30 minutos e foi marcado pela reafirmação da importância do diálogo entre as instituições, assim como por um pedido do ministro de Estado pela remarcação da reunião entre os líderes dos Poderes, como já havia solicitado o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

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Por Weslley Galzo/BRASÍLIA
Atualização:

Empossado recentemente em um acordo do governo federal com o Centrão, Nogueira agora atua como interlocutor e fiador do presidente Jair Bolsonaro junto às autoridades dos outros Poderes.

A reunião a portas fechadas foi proposta há duas semanas por Ciro Nogueira. Neste intervalo de tempo, contudo, o Supremo retomou o julgamento contra ele por suspeita de integrar uma organização criminosa formada por membros do Progressistas.

Ciro Nogueira. FOTO: DIVULGAÇÃO  

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Enquanto isso, Bolsonaro dobrou a aposta nos ataques contra os integrantes do Judiciário após sofrer derrotas no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a abertura de três inquéritos em sequência. Embora a Corte que preside seja um dos alvos preferenciais do presidente, Fux decidiu não desmarcar a reunião e ouvir as demandas do Planalto. Segundo fonte ligado ao ministro no Supremo, ele estaria mais disposto a ouvir do que falar na conversa.

Logo após o encerramento da reunião, Nogueira usou o Twitter para publicar uma foto com o magistrado. A legenda falar em consenso entre as instituições e "harmonia entre os Poderes, sintetizados no símbolo que é a nossa Constituição".

O encontro entre o magistrado e o ministro palaciano ocorreu poucas horas após o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, comparecer à Corte, também na tentativa de restabelecer o diálogo entre as instituições, diante da crescente onda de ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e a ministros do Supremo.

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Ao final da reunião com Fux, o senador afirmou que "a democracia não pode ser vilipendiada" e propôs o reagendamento da reunião entre os líderes dos Três Poderes. No início deste mês, o presidente do STF anunciou o cancelamento do encontro em demonstração de apoio aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, ambos do TSE, que se tornaram alvos de insultos do Planalto e agora são ameaçados por Bolsonaro com a apresentação de pedido de impeachment no Senado.

Na ocasião, Fux disse que Bolsonaro não está disposto ao diálogo e que as ofensas contra os ministros afetam a todos no Supremo. Contrariado, o magistrado declarou em duro discurso que o presidente não cumpre a palavra, pois, há pouco tempo, havia se encontrado na Corte para encontrar uma saída para a crise e sinalizou que os discursos seriam moderados a partir de então.

Pouco tempo depois, porém, Bolsonaro fez gestos golpistas com uso das Forças Armadas, como no desfile bélico pela Esplanada dos Ministérios, e disse que os ministros do STF que integram o TSE fazem parte da "ditadura da toga"

"Apesar do cancelamento da reunião, o diálogo entre os Poderes nunca foi interrompido. Como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), eu sigo dialogando com os representantes de todos os Poderes. Em relação a uma nova reunião, a questão será reavaliada", disse Fux na abertura da sessão do STF nesta quarta.

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