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Retrospectiva das operações de fusões e aquisições em 2021 e as perspectivas para 2022

Por Pedro Gonzalez Tinoco , Ana Carolina Rovida de Oliveira e Bruna Mie Tokura
Atualização:
Pedro Gonzalez Tinoco, Ana Carolina Rovida de Oliveira e Bruna Mie Tokura. FOTOS: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Ainda em meio à pandemia de Covid-19, chegamos ao final de mais um ano em que, de maneira geral, foram introduzidas diversas inovações relacionadas à área de realização de negócios, que inclui o direito societário, fusões e aquisições, as quais se pretendem que funcionem como um catalizador para a geração de novos negócios no país nos próximos anos.

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Dentre as inovações, tivemos em 2021 a consolidação de diversas rotinas societárias, que foram adotadas provisoriamente em 2020 durante a decretação das medidas preventivas contra a Covid-19, como, por exemplo, data rooms para envio de documentos, totalmente virtuais, assinaturas digitais de todos os tipos de documentos e as já famosas e intermináveis videoconferências, para desde poucos minutos de conversa, bem como longas horas de negociações complexas.

Dentro deste contexto, verificamos neste ano que as operações de compra e venda de empresas tiveram um foco muito grande no setor de tecnologia, com apostas altas de que tal ramo seguirá em constante crescimento, tendo em vista a tendência mundial em adotar soluções tecnológicas de forma mais acelerada, em comparação com anos anteriores, incentivado pela pandemia de Covid-19.

O aquecimento do setor de tecnologia tem como pano de fundo a "digitalização" cada vez maior da economia, a consequente preocupação e o investimento das empresas na implementação de novas soluções tecnológicas e em segurança cibernética -- o que tem gerado o interesse cada vez maior de investidores em aumentar a sua participação neste pujante setor da economia.

Outro setor que se destacou foi o agronegócio, o qual, embora seja um dos "carros-chefes" da economia brasileira, este ano foi puxado pelo aumento na exportação em função da cotação do dólar.

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Transformando o destaque em números, a balança comercial do agronegócio obteve seu valor recorde no mês de agosto de 2021, sendo que o valor exportado foi de US$ 10,9 bilhões, isto é, 26,7% superior aos US$ 8,6 bilhões exportados no mesmo mês em 2020 [1], o que demonstra a razão do aquecimento das aquisições de empresas no segmento.

Outro tema de relevo no campo das fusões e aquisições é a crescente valorização de fatores ambientais, sociais e de governança (Environmental, Social and Governance - ESG), globalmente, e especialmente no Brasil, com empresas dando maior atenção a temas que envolvem (a) responsabilidade ambiental; (b) desigualdade, diversidade e inclusão social; e (c) segurança e privacidade.

Isto porque, diferentemente do que acontecia no passado, atualmente as empresas têm buscado cada vez mais não apenas a conclusão das operações, mas também considerado os compromissos com o meio ambiente e valores sociais, motivo pelo qual notamos, em 2021, que as empresas têm cada vez mais (i) adotado políticas internas para tratar especificamente de temas relacionados à ESG; (ii) orientado e treinado os seus empregados sobre os valores ambientais, sociais e de governança; e, (iii) exigido dos seus clientes e fornecedores que estejam alinhados aos valores ESG.

Ressalta-se ainda, que no ano de 2021 tivemos recordes de negócios globais, mega transações na área de M&A, tanto em volume quanto em valores [2], com destaque para a criação de SPACs, com recorde de 274 novas empresas listadas no primeiro trimestre do ano, as quais arrecadaram mais de US$ 80 bilhões, valores estes maiores do que 2020.

Especificamente no Brasil, no primeiro trimestre de 2021, tivemos 333 transações anunciadas, apresentando volume 50% superior ao mesmo período de 2020, conforme levantamento da PwC [3]. Inclusive, calcula-se que só no primeiro semestre de 2021 houve a movimentação de R$ 259 bilhões entre as operações anunciadas e concluídas de janeiro a junho, com crescimento de 48% em relação ao ano passado [4].

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Assim, ainda que estejamos passando por um momento de instabilidade econômica, é possível notar que 2021 foi um ano de oportunidades de geração de negócios para os investidores e de expansão para as empresas, cabendo destacar o crescimento notório dos setores de tecnologia e agronegócio, sendo estes responsáveis pela quebra de recordes de volume e valores em comparação aos anos anteriores.

Por fim, em relação à 2022, é grande a expectativa de recuperação econômica no cenário brasileiro, com a consolidação do crescimento dos setores de agronegócio e de tecnologia, mas também com a retomada do setor de serviços, o qual já dá esses sinais com o avanço da vacinação e o controle da pandemia do Covid-19.

NOTAS:

[1] Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/agricultura-e-pecuaria/2021/09/exportacoes-do-agronegocio-atingem-us-10-9-bilhoes-em-agosto

[2] Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/assessoria-transacoes-deals/2021/tendencias-globais-da-industria-de-fusoes-e-aquisicoes-atualizacao-de-meados-do-ano-de-2021.html

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[3] Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/assessoria-tributaria-societaria/fusoes-aquisicoes/2021/fusoes-e-aquisicoes-no-brasil-marco-21.html

[4] Disponível em: https://einvestidor.estadao.com.br/negocios/fusoes-aquisicoes-crescem-2021/

*Pedro Gonzalez Tinoco é sócio das áreas de Propriedade Intelectual, Societário e M&A do escritório Almeida Advogados

*Ana Carolina Rovida de Oliveira é advogada sênior da área de Societário e M&A do escritório Almeida Advogados

*Bruna Mie Tokura advogada da área de Societário e M&A do escritório Almeida Advogados

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