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Relembre as críticas da família Bolsonaro ao foro privilegiado que agora pode anular provas no inquérito das rachadinhas

Prerrogativa, hoje usada como estratégia para blindar Flávio Bolsonaro nas investigações sobre supostos desvios de salários de funcionários do seu gabinete nos tempos de deputado, já foi alvo de críticas do próprio senador, de seus irmãos e do presidente Jair Bolsonaro

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Por Redação
Atualização:

 Foto: Família Bolsonaro / Reprodução

A bandeira da luta anticorrupção levantada pela família Bolsonaro costumava incluir oposição aguerrida ao chamado 'foro privilegiado'. A prerrogativa que garante a parlamentares e governantes o direito de julgamento em Cortes Superiores, como o Supremo Tribunal Federal ou Tribunais de Justiça estaduais, foi criticada diversas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos Flávio (Republicanos-RJ), Carlos (Republicanos-RJ) e Eduardo (PSL-SP).

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Nesta quinta-feira, 25, o parecer da Justiça do Rio, que aceitou habeas corpus apresentado pela defesa do filho mais velho do presidente e transferiu o inquérito das rachadinhas para segunda instância, trouxe novamente à tona a contradição do clã em relação ao tema.

A decisão de hoje afasta tanto os promotores responsáveis pelas investigações quanto o juiz que autorizou as diligências do inquérito até aqui. Foi ele quem quebrou o sigilo de Flávio Bolsonaro e de pessoas e empresas ligadas a ele e ao gabinete, autorizou buscas e apreensões e, por fim, decretou a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado, na semana passada. Na prática, todas essas medidas poderão ser anuladas agora que o caso passará a tramitar sob a tutela de do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

De acordo com os advogados, não há competência da primeira instância da Justiça para julgar o senador, que era deputado estadual na época dos crimes supostamente praticados.

Embora hoje a prerrogativa seja usada como estratégia de defesa por Flávio, no passado o próprio senador criticou supostas manobras do principal adversário político dos bolsonaristas, o ex-presidente Lula (PT), para obter o foro privilegiado. Na época, a nomeação do petista para o Ministério da Casa Civil, posteriormente derrubada, livraria o ex-presidente do alcance de Sérgio Moro, então juiz responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância que acabou condenando Lula no caso do Triplex do Guarujá.

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Flávio também fez uma aparição ao lado do pai em um vídeo em que Bolsonaro criticava o dispositivo (assista abaixo). "Eu não quero essa porcaria de foro privilegiado", disparou Bolsonaro ainda em seus tempos de deputado federal.

 

Outro crítico ao privilégio é o filho mais novo do presidente, Eduardo. No Twitter, ele declarou ser a favor do fim da prerrogativa e comemorou quando o mandato de Geraldo Alckmin (PSDB) como governador de São Paulo chegou ao fim para que o tucano fosse submetido ao julgamento de Moro.

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O vereador Carlos Bolsonaro também chegou a acusar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de disputar as eleições apenas para manter a prerrogativa.

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