Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Polícia de São Paulo se opõe à CPI da Covid e isenta Prevent Senior de mortes de pacientes na pandemia

Relatório final da investigação conduzida pela delegada da Polícia Civil paulista Lisandrea Calabuono descarta acusações de que operadora recomendou tratamento paliativo

PUBLICIDADE

Foto do author Rayssa Motta
Por Rayssa Motta
Atualização:

Fachada de unidade da Prevent Senior em São Paulo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A Polícia Civil de São Paulo apresentou à Justiça o relatório final da investigação sobre a conduta daPrevent Senior na pandemia. O documento isenta a operadora de planos de saúde de irregularidades no tratamento de pacientes com covid-19.

PUBLICIDADE

"Não foram encontrados elementos informativos caracterizadores de ilícito penal praticados por funcionários da operadora de saúde, nem por médicos, ex-funcionários desta, denunciados por violação do dever funcional", diz um trecho do relatório.

A delegada Lisandrea Calabuono concluiu que não há provas de que as mortes de segurados da Prevent Senior estejam relacionadas ao uso do chamado kit-covid. Também afastou a narrativa de que os médicos da operadora sofreram pressão interna para prescrever medicamentos como hidroxicloroquina e invermectina, inclusive sem o consentimento dos pacientes.

"Todos os laudos periciais realizados através da análise dos prontuários médicos das vítimas descreveram que a causa mortis seria covid-19, mas não é possível relacionar este resultado ao tratamento aplicado, não havendo, portanto, qualquer nexo de causalidade", escreve a delegada.

Publicidade

Conselho Federal de Medicina está sendo processado por recomendação sobre uso de hidroxicloroquina e cloroquina. Foto: LQFEx/Ministério da Defesa

O documento ainda descarta as acusações de que a empresa recomendou tratamento paliativo a pacientes graves para reduzir custos e omitiu a covid-19 como causa da morte nas certidões de óbito.

Procurado pela reportagem, o advogado Aristides Zacarelli Neto, que representa a Prevent Senior, disse que o relatório começa a evidenciar acusações 'injustas' contra a operadora.

"É o primeiro resultado de uma investigação técnica que mostra que a Prevent Senior foi alvo de uma injustiça semelhante à sofrida pela Escola Base há quase 30 anos", afirma.

O relatório se baseou em perícias e depoimentos de executivos, médicos e outros funcionários da Prevent Senior, além de pacientes e familiares de vítimas do novo coronavírus. Os interrogatórios foram acompanhados por promotores do Ministério Público de São Paulo.

O documento sigiloso foi enviado ao Tribunal de Justiça do Estado na segunda-feira, 18, às vésperas da visita de vereadores da CPI da Prevent Senior ao Ministério Público. Os parlamentares são esperados nesta quarta-feira, 20, para a entrega da conclusão dos trabalhos na Câmara Municipal ao procurador-geral de Justiça Mário Sarrubbo.

Publicidade

 Foto: Estadão

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

As conclusões da Polícia Civil de São Paulo contrariam outra comissão parlamentar: a CPI da Covid que operou no Senado Federal no ano passado. Os senadores sugeriram o indiciamento de 11 pessoas ligadas à Prevent Senior. As suspeitas mais robustas contra a empresa vieram a público a partir de depoimentos prestados por um grupo de médicos aos parlamentares em Brasília. O Estadão apurou que a operadora estuda usar o relatório policial para acionar judicialmente esses profissionais.

Em meio ao inquérito, a Prevent Senior assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo Ministério Público de São Paulo em que se comprometeu a vetar o uso off-label do kit-covid e a realização de pesquisas internas com remédios ineficazes contra o novo coronavírus. O termo livra a operadora de uma eventual ação civil pública pela conduta na pandemia, mas não impediu a responsabilização na esfera penal.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.