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Reforma tributária pode aumentar em até 60% os gastos com tributos do setor médico

O projeto de Reforma Tributária  (3887/2020) enviado pelo Ministério da Economia ao Congresso Nacional poderá atingir diretamente profissionais e empresas da área médica. Há uma possibilidade de aumento de até 60% nos gastos com tributos para o setor.

Por Júlia Lázaro
Atualização:

Por isso, o momento exige estado de alerta e cautela, já que grande parte dos CNPJs na área médica está enquadrada no regime tributário do Lucro Presumido, que sofrerá grande impacto.

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Atualmente, consultórios médicos e outras empresas da área recolhem cinco tributos: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica, a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição do Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), como tributos federais; e, ainda, o Imposto Sobre Serviços (ISS), como tributo municipal.

Sendo assim, a média de carga tributária para negócios na área médica está em 13,33%. Isso varia um pouco, conforme a cidade em que a empresa está, uma vez que a alíquota do ISS muda de município para município. Com o projeto de reforma apresentado, a carga pode aumentar para aproximadamente 20%. Isso porque o projeto do governo discute a substituição do PIS e da Cofins pela Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS). Ocorre que, atualmente, somados PIS e Cofins, a alíquota é de 3,65%, já a alíquota da CBS será de 12%.

Já há mobilizações para mitigar os efeitos da reforma em curso, inclusive da classe médica e suas entidades. Contudo, o que sugiro aos empresários da área é aguardar pela tramitação e aprovação do projeto, antes de tomar qualquer decisão. Afinal, trata-se, ainda, de um "processo embrionário" da reforma tributária.

Há muitos interesses em jogo - das partes arrecadadoras (União, Estados e Municípios) e das partes pagadoras (classes profissionais, empresariais e cidadãos em geral). O momento hoje é ideal para discutirmos as informações apresentadas, sem tirarmos conclusões.

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Relembro, ainda, que, além do projeto de lei enviado pelo governo, há pelo menos outras duas propostas de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. São as propostas de emenda constitucional 45/2019 e 110/2019, que estabelecem mudanças mais profundas no sistema tributário brasileiro.

É possível que o momento em que vivemos uma crise em consequência de uma pandemia não seja o mais apropriado para a discussão de uma reforma tributária. Mas ela é sim necessária, porque o sistema tributário brasileiro é complexo, a carga tributária é pesada. No atual sistema não se sabe quanto exatamente se paga de impostos. Tributa-se muito o consumo, se comparado com a tributação da propriedade, por exemplo.

*Júlia Lázaro, sócia da Mitfokus Soluções Financeiras

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