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Reações em cadeia a partir da crise do novo coronavírus podem afetar diretamente a economia dos bairros

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Por João Caetano
Atualização:
João Caetano. Foto: Divulgação

Com grande parte dos grupos empresariais, como XP Inc, Coca-Cola, Google e Nubank, optando por permanecer em home office até o final de 2020, vemos um movimento de manada do setor corporativo nesta mesma direção. Ainda que outras empresas queiram ver seus times de volta ao escritório, será complicado convencer os profissionais diante da postura adotada pelas líderes de mercado. Seria uma aposta alta, com riscos em saúde e reputação de marca.

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Assim sendo, já é possível antever um esvaziamento das regiões corporativas, como Itaim Bibi, Vila Olímpia e Brooklin, sobretudo em suas áreas mais comerciais. Como consequência, as redes de comércio e serviços que estavam montadas para atender aos profissionais no entorno dos escritórios serão duramente afetadas.

É inviável imaginar que essas redes de comércio e serviços possam se sustentar até o início de 2021, sendo mais provável que aconteça uma ampla desmobilização dos restaurantes, farmácias, cafés, bares, mercados e lojas voltadas para este público. Uma vez ocorrendo estes fechamentos, tais regiões ficarão ainda menos atrativas para o retorno dos profissionais, prolongando o estado de crise.

Muito além das restrições vividas em outras regiões de São Paulo, que por si são muito sérias, vemos alguns pontos icônicos da cidade em elevado risco de degradação. Por outro lado, os profissionais que deixam de ir aos escritórios e passam a trabalhar de suas residências começam a favorecer as redes de comércio e serviços em seus bairros.

Mas quem são os profissionais qualificados para trabalhar de casa e onde vivem?

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O perfil profissional que consegue realizar plenamente seu trabalho a partir de casa foi descrito, por Richard Florida, em 2002, no livro,  A Ascensão da Classe Criativa. Porto Alegre: L&PM, 2011. Esta nova classe social, ainda discreta no Brasil, desponta nesse momento de crise como aquela que mais preserva sua empregabilidade e poder de consumo. Composta por profissionais de diferentes áreas de atuação, a classe criativa é marcada por sua capacidade de lidar com questões complexas que dependem de um alto nível de conhecimento, como cientistas, arquitetos, designers, engenheiros, programadores, advogados, gestores e analistas financeiros.

Esta nova classe está presente na cidade de São Paulo, sobretudo nos distritos vizinhos aos centros corporativos, como Morumbi, Moema, Campo Belo, Vila Mariana, Alto de Pinheiros, Perdizes, Vila Leopoldina. E deve sentir bem menos os impactos da pandemia do que trabalhadores ligados a serviços essenciais.

Além do fator econômico, a crise do novo coronavírus está provocando diversas mudanças, incluindo aí transformações nas funções exercidas pelos espaços da cidade, com ganhadores e perdedores.

*João Caetano é fundador da Mapfry, professor titular de Geomarketing nos MBAs da ESPM (Escola Superior de Propaganda de Marketing) e autor do livro Geomarketing Escolar de Bolso (Ed. do Brasil)

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