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Radioatividade atribui a almirante da Eletronuclear 'crimes de gravidade em série'

Juiz Sérgio Moro destaca, ao mandar prender Othon Luiz Pinheiro da Silva, que o caso não é de competência da Justiça Militar

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Por Redação
Atualização:

Obras de Angra 3. Foto: Eletronuclear

Por Fausto Macedo, Fabio Fabrini,Talita Fernandes e Beatriz Bulla

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Ao mandar prender o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o presidente global da Andrade Gutierrez Energia, Flávio David Barra, na Operação Radioatividade, nesta terça-feira, 28, o juiz federal Sérgio Moro se valeu de relatório da força-tarefa da Lava Jato, segundo a qual os "investigados se associaram para praticar em série crimes de gravidade".

"A prisão temporária é, nesse período, imprescindível para evitar concertação fraudulenta de versões entre os investigados, garantindo que sejam ouvidos pela autoridade policial separadamente e sem que recebam influências indevidas uns dos outros."

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Moro mandou prender o almirante e o executivo em regime temporário, por cinco dias - prazo que pode ser prorrogado. Em sua decisão, o juiz destaca que o crime de corrupção atribuído ao almirante pela Operação Lava Jato "não tem qualquer relação com atividade militar". Moro assinala que os fatos sob investigação não são crimes militares, submetidos a processo na Justiça Militar, de acordo com o artigo 9.º do Código Penal Militar.

"Não passa sem atenção o fato de Othon Luiz ser militar da reserva", escreveu o juiz da Lava Jato. "Apesar do prestígio das Forças Armadas, o fato é que as provas indicam possíveis crimes de corrupção em tempo muito posterior à passagem dele (Othon) para reserva e no exercício de atividade meramente civil. Então, a investigação não tem qualquer relação com atividade militar."

Othon Luiz foi preso na manhã desta terça-feira, 28, no Rio. O executivo da Andrade Gutierrez também foi preso no Rio. A Radioatividade, 16.ª etapa da Lava Jato, concentra suas forças exclusivamente em contratos das obras da Usina Nuclear de Angra 3.

O presidente licenciado da Eletronuclear teria recebido R$ 4,5 milhões em propinas de um grupo de empreiteiras. As negociações para discutir o valor da corrupção teriam sido conduzidas pelo executivo Flávio Barra, presidente global da Andrade Gutrierrez Energia, que também foi preso pela Polícia Federal nesta terça, 28.

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Othon Luiz virou alvo da Radioatividade depois que seu nome foi denunciado pelo ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini. Delator da Lava Jato, Avancini revelou a propina para o almirante.

"Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Correa, relatou, em acordo de colaboração premiada, acertos para pagamento de propina em licitações e contratos de obras em Angra3, após a tomada de medidas pela Eletronuclear para restringir a concorrência do certame", assinalou o juiz Moro.

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Para o juiz da Lava Jato, "a adoção da medidas de restrição à concorrência foram confirmadas documentalmente, o que levou ao êxito no certame das empreiteiras Camargo Correa, UTC Engenharia, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Techin e EBE, que formaram o Consórcio Angramon".

Sérgio Moro avalia existência de "prova relevante de crimes de fraude a licitações, corrupção e lavagem de dinheiro". Ao mandar prender o presidente licenciado da Eletronuclear e o alto executivo da Andrade Gutierrez, o juiz destacou que "investigados teriam se associado para praticar em série crimes de gravidade".

"A prisão temporária é, nesse período, imprescindível para evitar concertação fraudulenta de versões entre os investigados, garantindo que sejam ouvidos pela autoridade policial separadamente e sem que recebam influências indevidas uns dos outros."

COM A PALAVRA A ODEBRECHT:

"A Construtora Norberto Odebrecht esclarece que na manhã desta terça-feira, 28 de julho, foi alvo de busca e apreensão em sua sede, no Rio de Janeiro, bem como na residência de um de seus executivos, que também foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento perante a Polícia Federal no Rio de Janeiro.

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Todos os nossos executivos, assim como a empresa, sempre estiveram à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e apresentar documentos no âmbito das investigações da operação Lava Jato, sendo injustificáveis as medidas empreendidas nesta data.

A CNO reafirma que nunca participou de oferecimento ou pagamento de propina em contratos com qualquer cliente público ou privado, o que obviamente inclui a Eletronuclear, portanto não reconhece como verdadeiras as afirmações de delator premiado que, visando obter a sua liberdade, em razão de prisão preventiva, não tem qualquer compromisso com a verdade."

COM A PALAVRA A QUEIROZ GALVÃO:

"A Construtora Queiroz Galvão informa que está cooperando com as investigações. A companhia nega veementemente qualquer pagamento ilícito a agentes públicos para obtenção de contratos ou vantagens. A empresa reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação vigente".

COM A PALAVRA, O GRUPO MPE:

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" A EBE participa do Consórcio Angramon e está colaborando com as informações solicitadas pela Polícia Federal, embora não haja nenhuma acusação diretamente contra a EBE.

Hoje, dia 28, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo MPE, Renato Ribeiro, da qual a EBE faz parte, prestou depoimento na condição de testemunha na sede da Polícia Federal do Rio de Janeiro, sendo liberado logo depois."

COM A PALAVRA, A TECHINT

"A Techint Engenharia e Construção recebeu a Polícia Federal em sua sede em São Paulo nesta manhã de terça-feira, 28 de julho, para uma ação de busca e apreensão. Ricardo Ourique Marques, diretor geral da companhia, foi ouvido na sede da Polícia Federal em São Paulo, já tendo retomado suas funções normais.

A Techint E&C forneceu todas as informações solicitadas e permanece à disposição das autoridades. A empresa reitera que segue padrões internacionais de governança e observa estritamente a legislação brasileira."

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