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'R$ 18,5 milhões foram repassados a Sarney', relata ex-presidente da Transpetro

Sérgio Machado afirmou em sua delação premiada que ex-presidente o procurou em 2006 para solicitar apoio financeiro para manter suas bases políticas no Amapá e no Maranhão; valores foram entregues em espécie e em doações eleitorais legais

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Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Isadora Peron , Gustavo Aguiar , Julia Affonso , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:

Sérgio Machado (à esq.) e Sarney. Fotos: Montagem Estadão Foto: Estadão

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em sua delação premiada com a Operação Lava Jato que o ex-presidente José Sarney recebeu R$ 18,5 milhões do dinheiro de propina da subsidiária da Petrobrás, dentro da conta do PMDB, durante o período em que ele dirigiu a companhia (2003 a 2015). Desse montante, R$ 2,2 milhões teriam sido repassados em doações eleitorais oficiais, nas campanhas de 2012 e 2010.

"Durante a gestão do depoente na Transpetro foram repassados ao PMDB, segundo se recorda, pouco mais de R$ 100 milhões, cuja origem eram propinas pagas por empresas contratadas. Desse valor, R$ 18,5 milhões foram repassados a José Sarney", afirmou Machado, no termo de 4 de sua delação, tornada pública na tarde desta quarta-feira, 15, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

 

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As doações oficiais foram pagas pelas construtoras Camargo Corrêa (R$ 1,25 milhão) e Queiroz Galvão (R$ 1 milhão), contratadas da Transpetro. Os valores foram repassados em 2012.

"As doações era em geral feitas formalmente ao Diretório Nacional do PMDB e em alguns casos para o Diretório do Maranhão, por vezes até para outro partido", explicou Machado, que busca a redução de pena na Lava Jato. "Mas era carimbadas para Sarney, consistindo isso no conhecimento que era transmitido aos organismos partidários de que as doações em questões seria controladas por Sarney."

Machado gravou conversas com o ex-presidente e ex-senador do PMDB na tentativa de reduzir sua pena. O conteúdo das conversas, em que tratam sobre tentativas de travar a Lava Jato, resultaram em pedido de prisão de Sarney feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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 Foto: Estadão

O pedido foi negado pelo ministro relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki, nesta terça-feira, 14. Nesse despacho, ele torna pública a delação de Machado.

O delator afirmou que o restante dos R$ 18,5 milhões de propina a Sarney foram entregues em dinheiro. Sua defesa montou planilhas para mostrar quanto foi pago ano a ano e de que forma para entregar à Procuradoria, durante as negociações da delação. Nela o homem-bomba do PMDB relata que foi procurado em 2006 por Sarney, que pediu ajuda financeira para manter sua base política no Amapá e no Maranhão.

Segundo ele, os repasses começaram com uma entrega de R$ 500 mil em espécie, até chegar as doações.

 

 
 
 
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