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Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Que sirva de lição

Por Jorge Pontes
Atualização:
Jorge Pontes. FOTO: Arquivo Pessoal  

A crítica que sempre fiz, e que aparentemente se aplica na situação que culminou com a derrocada do diretor-geral da Polícia Federal em menos de quatro meses no cargo, é no tocante aos delegados federais saírem em busca de apoio para conseguirem cargos - ou neles permanecerem - com a classe política.

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Vejam nos textos dos jornais de hoje, mesmo que não se confirme como verdade, que situação patética para um DG, correndo atrás de apoio de forma atabalhoada e permitindo ser notado nessa busca inglória.

Esse é o ponto. Antigamente os delegados se sobressaíam com trabalho e chamavam atenção dos governantes com as suas posturas profissionais.

Quando é aberta a temporada de caça ao político de estimação - e na verdade é o político que busca o seu delegado pet - essa ordem é invertida e muitas injustiças profissionais ocorrem dentro da instituição, pois os quadros técnicos são preteridos em detrimento dos pets.

Os delegados que só trabalham sem produzir sua networking política são os que mais se prejudicam, pois observam "inhos" da vida, alpinistas de helicóptero, chegando nas posições muito antes de todos eles.

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É essa atividade que temos que reprimir internamente, sem piedade.

Isso devia ser muito bem entendido pelos delegados que trabalham duro - imensa maioria.

No final das contas - a persistir esse modelo do político de estimação - o que vai pesar é a maçanetagem com a classe política e o toma lá dá cá.

O exemplo que fica é péssimo.

Apesar dos pesares, fico muito satisfeito desse caso - da ascensão e queda do ex-DG - ser, grosso modo, exemplo "acadêmico" dessa minha "tese".

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E fico mais contente ainda de observar que os dirigentes das entidades de classe dos delegados perceberam bem isso e já fazem suas colocações condenando essa prática.

A ADPF marcou muito bem sua posição na crise. Hoje vários jornais citam o seu presidente e o seu posicionamento equilibrado.

A postura comedida do Dr. Galloro, novo diretor-geral, e as suas aparições na mídia contrastam com a do ex-DG.

A impressão que temos é que um delegado correu atrás do cargo ao ponto de se descabelar, de perder a compostura, enquanto o outro permaneceu sentado trabalhando até que corressem atrás dele para resolver o vácuo de poder e de autoridade deixada pelo primeiro.

O cargo de DG/DPF é algo que tem que cair no colo do delegado.

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Essa estória confirma isso.

*Jorge Pontes é delegado de Polícia Federal e foi diretor da Interpol

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