Sua obra máxima é "Em busca de sentido", escrita para descrever sua própria experiência. Quando Frankl foi levado para o campo de concentração, ele já se interessava por esse tema do sentido da vida e da maneira como esse sentido poderia impactar no crescimento das pessoas e sua maneira de viver. Esse livro traz uma mensagem muito importante, poderosa: ali, Frankl afirma que sobrevive ao campo de concentração não aquele que é mais forte, nem aquele que tem as melhores condições de saúde, mas aquele que tem um motivo para lutar. O profissional destaca que não é o frio que mata, nem a fome, nem a doença, mas sim não ter um sentido, uma razão pela qual lutar, uma visão de um futuro em que se queira viver.
A pergunta que fica para todos que lêem a obra de Frankl é: como foi possível para este homem - depois de perder toda a sua família, vendo todos os seus valores serem destruídos, sofrendo com a fome, o frio, a violência, e sabendo que poderia ser o próximo a morrer - conseguiu encontrar um sentido na vida que o permitisse enxergar que valia a pena continuar vivendo? Mesmo tendo vivido as piores experiências e passado por episódios inimagináveis, Frankl defende que o espírito do homem pode se elevar acima das piores circunstâncias. Em um dos trechos do livro, ele diz: "O que faz necessário aqui é uma reviravolta em toda a colocação da pergunta pelo sentido da vida. Precisamos ensinar às pessoas em desespero que, a rigor, nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim, exclusivamente, o que vida espera de nós". Ou seja, quando não formos capazes de mudar uma situação, devemos mudar a nós mesmos.
Aos seus pacientes, Frankl insistia sempre com a pergunta: qual é a razão da sua existência que pode fazer esse problema que você enfrenta se tornar menor para você? E o que isso tudo nos ensina nesse momento de pandemia? Estamos todos aprisionados, vivendo um momento muito difícil, que nos paralisa. Pensar na obra e vida de Viktor Frankl nos leva a refletir: o que queremos para nossas vidas e como queremos estar quando essa pandemia acabar? Como estamos usando nosso tempo nesse período? É um momento para nos conectarmos com amigos, colegas, familiares distantes. Um momento para reconstruirmos as bases das nossas necessidades humanas mais profundas, para nos prepararmos, estudando, fazendo cursos e nos aprofundando em temas que nos interessem. Essa pandemia vai acabar e quando ela passar, o ideal é que tenhamos usado esse tempo, não apenas para sobreviver, mas também para sermos melhores do que éramos antes.
* David Forli Inocente é diretor geral de Pós-Graduação e Educação Continuada da Universidade Positivo.